{Café com Autor} - Conversa com Alan Silva - A nossa voz será ouvida!


E ai meus amores, tudo bem?

Então, hoje eu trouxe de volta um quadro que eu criei mais por amor do que por outra coisa.

Você já teve um amor tão grande por uma história que teve vontade de saber quem era o ser humano por tras dela? Então, por isso eu criei esse quadro, que começou com a Daia e com a Thais que são pessoas que eu tenho um amor enorme e uma admiração gigante. Dessa vez, nosso café vai ser com o Alan.

Bom, antes de mais nada eu vou contar um pouco sobre a minha relação com ele. Eu conheci o Alan quando ele ainda escrevia no Wattpad e eu, mesmo sendo quem eu sou, nunca tinha lido nada com uma temática LGBT tão presente assim. Claro que já tinha lido algumas coisas, mas era algo mais “suave” por falta de palavra melhor.

Então chegou o belo dia que começamos a conversar e fechamos parceria para a Antologia ‘O Amor está no ar’ que na época ainda era independente e agora é publicada pela skull e tá um ahazo (ansiosa pra chegar em casa). E acho que posso dizer que foi ai que tudo começou.

Me apaixonei pela antologia, depois veio Isaac e pronto, agora essa pessoa que vos fala é uma ávida leitora de Alan Silva, que além de escritor é editor da Resistência, Dsigner, e, falando por mim, ativista e uma pessoa que me escuta e me aguenta MUITO porque não é fácil ter alguém berrando no seu whatsapp toda vez que acaba um livro né?!

Ah, e não menos importante, vou deixar o link de algumas resenhas que fiz dele.
- O Amor está no ar (1ª edição)

Sem mais delongas, porque tá enorme, vamos ao nosso papo?!





- Como é teu processo de escrita? Tem frequência ou é mais do tipo "veio uma luz e eu escrevi"?

R: Tento sempre escrever pelo menos um pouco por dia. Escrita é trabalho constante. Estou sempre estudando e melhorando minha narrativa e meus diálogos. Para escrever não tenho um lugar certo, sempre ando com caderno e caneta na bolsa, mas também escrevo pelo computador e até mesmo no celular. Minhas pesquisas vão de documentos históricos até animações da Disney. Essa é a beleza de escrever.

- Sabemos que o Isaac é seu "alter ego" (posso chamar assim, mesmo sabendo que vocês são a mesma coisa?), mas a pergunta é: foi difícil transformar a sua vida naquela história? De onde surgiu a ideia das cartas? Como foi acompanhar o desenrolar da personagem? Por que, cara, que história, eu chorei rios!

Isaac é basicamente meu personagem mestre, ele está em todos os lugares e em todos os meus outros romances. Para quem leu Isaac percebe que a história é corrida, sem muitos detalhes, sem muito aprofundamento nos personagens secundários e é claro que deveria ser assim, é a vida, e viver é exatamente do jeito que escrevi nessa obra, não poderia ser diferente. Comecei a primeira carta com doze anos e uma fábula da história eu escrevi com dez e percebi oito anos depois que ela poderia entrar no livro, sempre tive medo de esquecer meu passado e Isaac me ajuda bastante a lembrar por tudo que já passei. É uma forma de continuar lutando.

- Como é tua relação com os livros que não estão mais no wattpad? Tem data pra lançar? Quando você vai parar de me torturar com quotes de Depois da meia noite? SPOILEEEEERRRRRSSSSSSS DE DATAS PELO AMOR DA DEUSA!

Bom, pretendo lançar 3 livros em 2019 na Amazon e um por editora. São eles: Pó Eterno, Rua 23, Depois da meia-noite e Vera Cruz e o Espelho Sagrado. Porém, para quem leu Isaac, sabe que ele escreveu alguns livros, então vem novidade por ai.

- Outra coisa, que é uma curiosidade meio besta minha, como você monta as playlists dos seus livros? Tem algum critério? De novo, essas playlists só fazem a gente chorar ainda mais (risos nervosos)

São músicas que de alguma forma se encaixam com o contexto da história. A playlist de Isaac é basicamente todas as músicas que escutei nos períodos mais complicados da minha vida.

Um adendo, vou deixar as playlists que eu conheço aqui: Isaac, Quem Foi Que Disse?, O Amor está no ar.

- Quão importante, ao seu ver, é a literatura LGBT nos dias de hoje, com tudo isso que vem rolando no país? E como você se sente vendo a repercussão que seus livros estão tendo, o quanto você cresceu nesse meio...?

O Brasil passa por momentos difíceis na literatura. Infelizmente ainda somos alvos. Nossa arte é explorada em qualquer setor, seja terror, romance, suspense ... Todavia, os livros com temática LGBT são os que mais sofrem, pois sofrem duas vezes mais, tanto pela crise e a falta de leitura dos brasileiros quanto pelo preconceito. Arrisco a dizer que há uma relação entre um e outro. Não esperava que minha obra fosse inspirar tantas pessoas, desde jovens que se assumiram até mães que me mandaram mensagem dizendo que se seu filho for da comunidade ela vai saber lidar melhor com a situação. E fico extremamente feliz em saber que estou fazendo a diferença na vida das pessoas através da minha escrita.

- Hoje, seus livros estão publicados pela Skull, mas sabemos que você começou no Wattpad, foi pra Amazon e começou com os físicos publicados de forma independente. Como foi isso? Esse crescimento até chegar ao momento de inaugurar um selo LGBT numa editora?

2018 foi um ano daqueles, que ano louco!
Comecei a escrever no Wattpad em 2017, mas não havia publicado Isaac lá ainda. Foi só em 2018 que resolvi deixar minha obra sair da gaveta e a repercussão foi excelente. Logo nos primeiros meses a obra ganhou alguns concursos do Wattpad e vi que as pessoas queriam o livro físico. Então trabalhei nisso, investi tempo e dinheiro, fiz a capa, contratei revisão e a melhor diagramadora (Obrigado Maria Freitas) e vi meu sonho se tornar realidade. E, antes disso, teve a antologia LGBT, que era apenas um presente para os autores do Wattpad que participaram do projeto e quando vi já estava no lançamento do meu primeiro livro junto com a autora Isabel e o autor Vinicius. Ambos também estão na nossa edição feita pela editora Skull.
Conheci o editor Paulo da Skull com a antologia. E ele na hora quis colocar na editora. Conversamos e tiramos a ideia do papel.
Agora a antologia tem 30 contos e 22 autores. E faz parte do selo LGBT da editora.
E Isaac também ganhou seu espaço na mesma editora após ter esgotado na Bienal de São Paulo.
Agora, na editora Resistência, tenho planos e projetos ambiciosos, nunca pensei que me tornaria editor, mas vendo a atual situação do Brasil e todos os autores que encontrei durante esse ano, percebi o quanto é importante uma editora que dê destaque para as minorias, que coloque como carro chefe obras com mulheres protagonistas, lgbts, negros, nordestinos, indígenas ... A Maria Freitas (editora-chefe) não poderia ter sido mais assertiva na decisão de montar uma editora com foco nessas histórias. E sou eternamente grato por fazer parte desse momento.

- Outra coisa, sobre a Antologia e a novela, de onde vieram essas ideias? Uma é super forte e potente, quase me matou o coração, a outra se passa num cenário do "passado" mas eu tô sentindo uma coisa tão próxima com essa novela, como se ela tivesse acontecendo agora! Como essas ideias surgiram? E como foi esse processo?

Quem foi que disse?, a novela que publiquei na Amazon, foi o primeiro livro que postei no Wattpad. E ele foi tão bem recebido. Alguns dos meus leitores consideram a novela meu livro favorito. E isso alegra meu coração. Quando houve as eleições esse ano, depois de ter excluído todos os meus livros do Wattpad, senti que estava na hora de publicar a novela. Ela é atual, mesmo falando da ditadura de 1964 e isso entristece. Nós ainda não aprendemos com a nossa história.

Já a antologia é um grito de liberdade, uma forma de mostrar a realidade de muitos lgbts. Nossas dores, nossos amores, felicidades, tristezas ... É a nossa história, nossa vivência. Quando pensei na antologia, era só um conto lgbt, eu escreveria, postaria no wattpad e só. Mas resolvi convidar outros sete autores e foi a melhor decisão que tomei na minha vida. A antologia se tornou um símbolo de luta e união. Conhecemos uns aos outros através da escrita e com ela, conhecemos outras pessoas maravilhosas.




 
Sobre o Alan

Olá turminha,

Meu nome é Alan, tenho 21 anos e sou de São Paulo. Escrevo histórias sobre as minorias, tento de toda forma dar voz para meus personagens e para essa parte da população que sofre todos os dias. Assim como a maioria, eu amo escutar boas músicas e vou do Clássico ao pop em dois segundos. Amo cinema, parque, teatro, mas também não dispenso uma balada e um barzinho. Se você me convidar para comer, pode ter certeza que não vou recusar. Trabalho na editora Resistência com a Maria Freitas como editor. Estudo na FMU, estou atualmente no quinto semestre de Letras com dupla habilitação de língua para Português e Espanhol. Passei por muito para chegar até aqui e digo: não desistam.

Por mais difícil que pareça, por mais obstáculos que você enfrente, acredite, tudo vai ficar bem e tudo vai certo.
Corra atrás dos seus sonhos, tropece, caia, mas sempre levante e volte a correr.

Bom, para isso não ficar muito grande, vou deixar apenas uma dica para vocês: A vida é um balanço.

Me encontre nas redes sociais: @autoralan

Meus quotes favoritos:

- A vida é um balanço. (Isaac)
- Existe algo pior que a morte (Depois da meia-noite)
- Você não vem? (Quem foi que disse?)

Amo o número três e essas são as três frases mais marcantes na minha vida até agora.

E para deixar aquele gostinho de quero mais. Vou revelar em primeira mão alguns quotes de Depois da meia-noite.

01. Havia beleza no isolamento de Isaac. Mesmo sozinho, o garoto parecia abraçar o mundo. Ele sabia apreciar a chuva, o sol, o frio e o calor. Sentia com intensidade todos os pequenos sopros da vida. E eu, tão cheio de amigos, só queria estar ali, sendo parte daquela solidão incompreendida. Naquele momento, desejava ser o manto que o protegeria caso a ventania chegasse.

— Davi.

02. Se eu pudesse te daria o mundo, só para retribuir ao gesto maravilhoso que ele fez ao juntar nossos corações e faria isso porque sei que, no final das contas, você o tornaria um lugar melhor, assim como fez comigo.

— Caio.

03. Essa dor é tão grande e tão forte que quando me queimo até agradeço por estar sentindo outro tipo de dor, uma mais fraca e que eu posso lidar.

— Davi.

04. — Porque eles se amam e porquê o mundo precisa de amor.

Em uma conversa entre o Fernando e a Sofia, meus personagens bissexuais.

05. Você me ensinou os mistérios da sua língua para que eu conseguisse conversar com seu corpo.

— Sofia.

06. Hoje eu quero ficar sozinho, não porque eu esteja triste, mas pelo simples fato de que a presença de Vera me traz calafrios, é como se algo entre nós estivesse morto, quebrado, sem solução.

— Caio.

07. (...) na noite em que lhe pedi em casamento, sabia que ao chegar no restaurante marcado não encontraria Vitor, quando cheguei no local não procurei por ele, procurei por ela (...)

— Caio.

08. Parei de pensar em você, agora eu só penso em nós.

— Fernando.

09. Você é tão complexo quanto o universo. Nunca te entenderei perfeitamente, mas amo o fato que em milhares de anos tivemos a sorte de nos conhecermos e estarmos aqui, juntos.

— Davi

10. Não deposite sua felicidade na mão de outras pessoas, na hora de enxugar as lágrimas você estará sozinho.

— Vera.

11. É desesperador sentir saudade de quem você era antes da tempestade.

— Davi.

12. O ser humano realmente se acha superior, e é isso que vai acabar com o planeta, nossa própria espécie.

— Sofia.


 

14 comentários:

  1. SENHOR DO CÉU! Que entrevista phoooodaaaa! ❤❤❤

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  2. Eu amo esse blog em um nível! Muito obrigado pela oportunidade de falar um pouco mais sobre mim e minhas obras.

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  3. Olá essa boa entrevista, e com as informações referentes do escritor. Eu também acho positivo a realização de antologias. Cumprimentos

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  4. Entrevista assim são muito boas, um dia você poderia me entrevistar também (risos), Muito bom este caminho.

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  5. Menina, não li nada do Alan ainda, mas amei a entrevista e tô super curiosa para ler Isaac. Vou procurar.
    Adorei!!

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  6. Gostei dessa proposta e dessa aproximação com o autor.

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  7. Parabéns pela entrevista, ficou excelente, eu fiquei conhecendo o autor pelo seu blog, pela resenha que fez do conto que ele publicou pelo wattpad, tanto que na hora fui correndo ler, e hoje olha a coincidência, lendo essa entrevista maravilhosa que fez, vi que minha amiga também participou da antologia da Skull, o mundo e pequeno mesmo, agora fiquei mais ansiosa ainda em comprar a antologia

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  8. Que bela entrevista. Fiquei curiosa pra ler um dos livros.

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  9. Olá,

    Já tinha visto as obras do autor várias vezes e sou bem interessada em conhecer a escrita dele, pois tenho certeza que irei gostar bastante. Adorei conhecê-lo melhor através dessa entrevista, foi realmente uma experiência maravilhosa. Traga mais postagens assim, irei amar, com toda a certeza!

    Beijos!

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  10. Boa tarde!

    Não conhecia o autor, mas gostei bastante da entrevista. Vou procurar as obras dele aqui para saber mais, me pareceu interessante.

    Bjs

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  11. Olá
    Linda entrevista, não conhecia o autor, uma coisa que a tempos falo para mim é para dar mais atenção ao wattpad.
    Ele tem muita paixão e isso é uma coisa que prezo muito ao escolher um livro, a paixão do autor pelo assunto que aborda

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  12. Oi!
    Adoro essas entrevistas é quando ficamos sabendo mais do autor e de sua trajetória até aqui, que ao meu ver não é nada fácil principalmente por causa do preconceito. Ainda não li nada do Alan mas fiquei curiosa sobre seu livros, parabéns pela entrevista, bjs!

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  13. Olá!

    Adorei a ideia da sua coluna. Seria um sonho poder tomar uma café com meus autores preferidos e conversar com eles sobre todas as obras maravilhosas que eu tanto amo.
    Não conhecia o trabalho do Alan Silva. Fiquei bastante interessada nas suas histórias, principalmente porque ele dá voz às minorias. Precisamos de mais autores assim!!!

    Grande beijo,
    https://almde50tons.wordpress.com/

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