Fisgadas - Angélica Glória

 E ai meus brilhinhos, como estamos hoje?

Dando continuidade ao mês da visibilidade lésbica (conteúdos extras no twitter e instagram) hoje vim falar sobre a experiência de ler Fisgadas, uma distopia nem tão distópica assim.



Depois de uma pandemia mundial, uma ditadura religiosa e militar toma conta de um país. Nossa história acompanha a perspectiva de duas mulheres lésbicas que são atingidas por um mesmo acontecimento, mas com reverberações distintas na vida de cada uma. A capacidade de escolha do ser humano é colocada à prova. Analiz e Tarsila nunca mais serão as mesmas. Se um presidente ignorante focado em uma ordem e um progresso cegos virasse seu mundo do avesso, o que você faria?


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Essa é asegunda distopia com protagonismo lésbico que eu já li, mas de longe essa foi a que mais me afetou, talvez pela proximidade com a realidade com a que estamos vivendo.

Nesse mundo pós pandemia, é instaurado uma ditadura religiosa (não que ela já não exista de forma velada) onde qualquer pessoa fora da norma é rechaçada, mulheres não tem mais direito a escolha, vivem em função dos homens e não tem voz. Teve também o Nova Vida, um elixir que prometia fazer com que as pessoas tivessem propósito nesse país devastado pela pandemia, mas claramente não é bem assim. Ele faz com que as pessoas fiquem apaticas e não sintam emoções e condiciona as mulheres a fazerem coisas pré estabelecidas.

As mulheres moram em lugares separados, passam por "protocolos" que é onde vão ser "escolhidas por um homem" e tudo só acontece depois que elas casam, é uma coisa de arrepiar a alma. Temos temabém a resistência, que é formada em sua maioria por psicólogos que são contra esse movimento de tirar a individualidade das pessoas.

"Eu me sentia frequentemente como um objeto inanimado, só cumpria objetivos"

O livro é narrado por dois pontos de vista, a Analiz e a Tarsila, suas mulheres lésbicas que acabam se encontrando na história. Analiz foi expulsa de casa aos 16 anos ao se assumir lésbica (antes de tudo isso acontecer) e em um dos Protocolos ela conhece o Diego, um cara gay que seu marido é um foragido e faz parte da resistência, Analiz resolve se unir a ele como forma de escapar de algo muito pior. Já a Tarsila é uma enfermeira que trabalha no mesmo hospital que o Diego, ela nunca assumiu sua sexualidade e antes da pandemia e do Nova Vida, sofria de depressão e passava dias dentro do quarto.

O livro tem uma linguagem bem simples e ao mesmo tempo dolorosa. As semelhanças com o momento que stamos vivendo são fortes e eu espero mesmo que esse livro não seja um premonição. Eu acredito que o livro ainda precise de aprimoramentos, mas a gente já consegue sentir o impacto dessa narrativa, eu fique extremamente amedrontada e com arrepios sempre que abria o livro. Realmente é uma narrativa de peso.

Se você estiver passando por um momento delicado, não leia, mas quando puder, leia pois é de extrema importância das voz às narrativas lésbicas.


12 comentários:

  1. Curto muito seus posts, são muito bem criativos e interessantes.. Sempre estou aqui lendo e compartilhando com minhas amigas...

    Beijos 😘.

    Meu Blog: Mirella Santos

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  2. Li esse livro tem pouco tempo e também achei assutadoramente próximo da nossa realidade, uma mistura de The Handmands Tale e Admirável Mundo Novo. Você disse que já leu outro livro distópico com temática lésbica, você poderia dizer qual foi? Fiquei curiosa kk.
    https://riotbooks.blogspot.com

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    1. Sim, parece muito plausivel que isso aconteça com a gente, muito assustador.
      Ah, a outra distopia que eu li foi a Trilogia do Abismo, da Diedra Roiz, ela tem no kindle unlimited!

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  3. Oi Bianca! Eu tenho lido vários contos de romance lésbicos no KU. Apesar de estar começando a ler livros LGBTQIA+ esse ano, estou amando a escrita das escritoras nacionais, são muito fofas, criativas e inteligentes. Com certeza, vou anotar essa história para ler ainda esse ano.

    http://resenhasdaviviane.blogspot.com/2020/08/conhecendo-escritoras-negras-cidinha-da.html

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  4. Olá, tudo bem? Realmente parece um distópica mas que tem uma ligação muito grande com nossa realidade, infelizmente. Fiquei curiosa sobre, e prevejo me emocionando bastante com a história. Estou adorando esse projeto seu, que aliás está me fazendo conhecer títulos que não imaginava ler tão cedo. Amei a resenha!
    Beijos

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    1. Ah, muito obrigada!! Isso é muito importante pra mim!
      Espero que consiga ler em breve!!

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  5. Acho que livros como esse e como O Conta da Aia nem podem ser chamados de distopia, de tão reais (e assustadores) que são. São extremamente desconfortáveis, mas necessários, principalmente para que possamos abrir nossos olhos e perceber o quanto estamos ruindo ao desespero. Não conhecia a obra, mas, com certeza, irei lê-la.

    www.sonhandoatravesdepalavras.com.br

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    1. Realmente é assutador, principalmente quando a gente vê o paralelo que tem com a nossa realidade, dá um frio na espinha.
      Que bom que gostou!

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  6. Oi Bianca.

    Achei sua opinião muito boa e gostei de conhecer essa história através da sua opinião. Fiquei bem interessada na história completa ainda mais sabendo que o livro tem uma linguagem bem simples. Obrigada pela dica.

    Bjos

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