{CAFÉ BRILHANTE} Kenny Teschiedel

Olá brilhinhos, como é que cês tão?

O post de hoje é algo que eu tava morrendo de saudade de fazer! Hoje vamos tomar um café brilhante com Kenny Teschiedel!

Kenny é o autor de O Rapto dos dias e uma pessoa que se tornou muito querida por mim, a gente se conheceu pelo instagram e logo estávamos tendo altos papos! Bom, vamos logo ao nosso papo que ele tá super legal! 




Bom, a ideia desse papo surgiu porque, neste momento eu tô quase na metade do seu livro, O Rapto dos Dias, e já vou começar com perguntas difíceis. Como que foi escrever esse livro? O processo foi difícil?

Foi, no mínimo, interessante. Eu precisei me embebedar de diversas histórias, algumas bastante indigestas, para mergulhar fundo no cenário que eu queria construir. Eu concebi a história e, um ano depois, me dediquei à sua escrita. Fiquei gestando e acertando e me imbuindo de conhecimento e fôlego. Sabia que seria um processo exaustivo, porque não consigo me entregar pela metade quando estou escrevendo. 


A gente sabe que escrever sobre temas pesados assim, mexe com quem tá lendo e também pode gerar umas opiniões meio complicadas. Em algum momento você pensou ou cogitou a ideia de que alguém poderia te criticar por abordar isso no seu livro?

Isso me ocorre a todo momento! Sou um sagitariano bastante controverso, porque sou inseguro demais. As críticas têm um espaço bastante determinante em mim e, ao tratar dos assuntos que escolhi para “O Rapto dos Dias”, sei que elas virão de alguma maneira, principalmente por estarmos atravessando um período de opiniões acaloradas e polarizadas. Mas é por isso mesmo que eu escrevo. Não fosse assim, não teria sentido.


Do lado de cá, de quem consome, eu sinto que os autores tão tendo uma certa dificuldade em publicar, em ser lido sabe? Cê sentiu isso?

É sempre dispendioso financeiramente. Mas eu tive muita felicidade encontrar uma editora que fornecesse um excelente e competente trabalho por um valor bem justo e acessível. Ainda espero despertar o interesse de alguma editora que publique minhas obras. Mas até lá, será um caminho.


Você é psicólogo, você cuida da saúde mental de outras pessoas. Mas eu cansei de falar pra você que, se fosse eu escrevendo o livro, teria surtado. Como que foi lidar com todos os acontecimentos do livro? Cê também sentiu a dor que a gente sentiu lendo? E, cê acha que de alguma forma a sua profissão influenciou no seu livro?

Foi o livro que mais se beneficiou dos meus conhecimentos com a Psicologia. Ao dispor de diferentes visões sobre os mesmos acontecimentos, busquei em meus estudos para delinear e imprimir diferentes personalidades às personagens. Em meu trabalho como Psicólogo, sou atingido por diversas histórias de vida que me comovem, claro. Desta forma, preciso manter o acolhimento e a empatia sem deixar que meus valores e opiniões conduzam o tratamento. No caso do livro, pude sentir mais à flor da pele as emoções que narrei. Então, não foram raras as vezes em que me peguei chorando ao criar alguma cena, por exemplo. Eu quis mesmo sentir o que minhas personagens sentiram, pois este é o propósito principal do livro: que o leitor se coloque no lugar do outro.


Cê chegou a pensar, alguma vez, que você iria pra um evento tão grande como a Bienal? Pensando que você tá fora do eixo rio - São Paulo?

Sempre ouvi falar da Bienal, desde muito criança. Realmente, era algo muito distante, grandioso demais, não apenas por eu estar fora do eixo RJ/SP, mas por ter pouca influência, morar numa cidadezinha do interior gaúcho de 7 mil habitantes. Tudo me parecia muito difícil. Apesar disso tudo, a Bienal Internacional do Livro do Rio era uma ambição, sim. No entanto, que eu esperava realizar quando já tivesse um carreira sólida, um nome conhecido na Literatura. Aconteceu muito antes do que eu esperava. E está me fazendo muito feliz!





Eu lembro quando você me mandou mensagem no Instagram falando que tava morrendo de medo de flopar e tal, e agora, você tá feliz com o tanto de comentário positivo e de gente te lendo? Ficou no top 10 de mais baixados da amazon poxa! 

Eu demoro a digerir as coisas. Ainda não me caiu a ficha. Não tenho muita noção do que foi isso, principalmente porque a Amazon era uma plataforma que eu não tinha experiência alguma! Mas entendo que, para mim, foi algo muito grandioso. O livro ocupou o 7º lugar dentre os 100 mais baixados da Amazon! Eu levei um susto e, realmente, não entendo como isso pode ter acontecido. A repercussão está sendo muito positiva e tem me trazido um orgulho imenso pelo trabalho que produzi. Acredito que foi um trabalho bastante coletivo de integração entre meus amigos pessoais, os amigos escritores, aos blogs parceiros (como o Resenha de Unicórnio) e a Editora Hope que me deram esse suporte tão significativo para atingir essa marca. Preciso agradecer a cada um!


Você é psicólogo e pós graduado em psicanálise, já é um role acadêmico bem grande, de onde surgiu a vontade de fazer Letras?

Acredito que faça parte da minha inquietude. Depois que concluí minha pós, dei uma estagnada em minha vida acadêmica. Além disso, me identifico com o universo das Letras e apostei nisso, vislumbrando outras possibilidades profissionais. Até aqui, foi uma aposta vencida.

Tem algum escritor que você se inspira pra escrever suas obras?

Enquanto escrevia “O Rapto dos Dias”, me deparei com o trabalho de um autor português chamado Valter Hugo Mãe e fiquei muito encantado. É uma grande referência!


Eu fui pesquisar sobre você pra poder fazer as perguntas e devo dizer que fiquei muito impressionada com tudo que você já fez! Acabei descobrindo, Entre outras coisas, que você tem outros 3 livros! Socorro! Sobre o que eles falam? 

Sim! kkkk
Meu primeiro livro foi publicado em 2013 e chama-se “Toda Forma de Amor”. São 20 contos que tratam do amor como seu pano de fundo. Compus as histórias buscando uma diversidades de cenários, estilos textuais e entre as personagens. 

Meu segundo livro foi um romance, publicado em 2016, “O Diário Secreto do Cavaleiro Mascarado”, que era um conto do primeiro livro e acabei espichando mais e transformando-o num romance. Conta a história de um assassino de aluguel, no meio do velho oeste, que se apaixona pela vítima.

E, neste ano (2019), desenvolvi um projeto voltado à Literatura Infantil, chamado “A Palavra Perdida”. É um livro muito fofinho que conta a história de um Escritor que, num belo dia, amanhece sem seu material de trabalho principal: a Palavra. Ele tem a caneta, o papel, a máquina de escrever, mas a Palavra não está lá. Então, precisa sair em sua busca, que acaba se tornando uma grande aventura.


Sobre seu processo de escrita, cê tem uma rotina? E como você fez/faz pras ideias não se perderem? Tem algum macete pra tornar essa coisa de escrever um livro mais fácil ou é uma coisa muito individual?

Quando eu desenvolvi meu primeiro romance, eu tentei estabelecer algumas estratégias. Desta vez, com “O Rapto dos Dias”, eu aprimorei um pouco minhas técnicas. Funcionou assim: rabisquei os esqueletos dos capítulos e neles eu coloquei as cenas que precisariam ser descritas. Ao lado, deixei um espaço para anotações, que deveria ser preenchido com informações que conduziriam à cena que estava prevista. Desta forma, consegui ter uma visão da minha história do início até o fim. A minha rotina foi, basicamente, escrever todos os dias das 19 às 3h. Gosto daquela ideia que as palavras são boêmias e gostam de sair à noite.




A gente sabe que dá pra usar a literatura pra muitas coisas, inclusive pra conscientizar as pessoas sobre alguns assuntos que a gente às vezes nem presta atenção. Cê pensou nisso quando tava escrevendo O Rapto dos Dias ou foi uma coisa que só acabou tomando a forma que tomou?!

Busquei isso a todo momento. Desde a publicação do meu último livro, queria encontrar em mim um escritor adultecido. Eu digo isso em nota, logo na abertura do livro. Acredito que foi assim que encontrei o tom que ele precisava. Mas a história foi crescendo aos poucos e, a meu ver, o escritor possui um instrumento poderoso: a palavra! Pessoalmente, vejo que o escritor precisa assumir essa responsabilidade de despertar o senso crítico de seu público. Fiz d’O Rapto dos Dias meu livro mais político e espero contribuir de alguma forma com uma sociedade mais justa e igualitária.


Agora eu vou biscoitar porque não sou obrigada! Eu, como blogueira ou quase isso, tenho visto e ficado cada vez mais feliz que os autores procuram a gente pra ajudar a divulgar e confiam na gente pra “avaliar” um livro que, às vezes, levou anos pra ser terminado. Do lado de cá, é super legal ter alguém que se identificou com o meu trabalho a ponto de me apresentar livros que, muitas das vezes, mesmo com o meu trabalho de valorizar os BR eu acabaria não conhecendo. Agora a pergunta é, o que você pensa dessa onda de influenciadores literários? Cê sente que ajuda mesmo? Faz uma diferença? 

Eu acho ótimo! Foi fundamental para atingir um dos meus principais objetivos: ampliar meu público. Ainda sou um autor recém-nascido e assumidamente jurássico diante das tecnologias. E vocês fazem isso muito bem! Têm um domínio naquilo que fazem e acabam auxiliando de uma forma muito primorosa quem pena diante destes recursos, como é o meu caso. Certamente, não teria conseguido atingir a 7ª posição no ranking da Amazon sem sua contribuição. Tampouco, saberia conduzir a Leitura Coletiva com um grupo tão amplo. Foi fundamental e eu sou muito grato!

Bom, eu também abri a caixinha de perguntas lá no meu Instagram pra quem quisesse saber algo sobre você. Vamos as perguntas dos stories!

Porque você escreve?

Tem um tempo que me fizeram essa pergunta e, na hora, eu não soube responder. Depois, eu fiquei pensando e achei uma resposta que me aliviou, mas que talvez não tenha me saciado completamente: eu escrevo porque levo uma vida simples demais. Tenho uma casa, moro com meus pais, trabalho… É tudo muito linear. As personagens que crio não! Elas têm histórias muito extraordinárias e que me tiram desse marasmo. Talvez seja por isso que tenho sido tão feliz.

Qual sua música ou estilo de música preferido?

Em vários aspectos, sou bastante velho. Nos hábitos, nas preferências, no estilo. Com a música não é diferente. Ouço muita MPB e rock brasileiro das antigas. Quanto mais embolorado pelo mofo, melhor.

Qual a coisa mais importante que você já fez até hoje?

Eu não sei. Poderia dizer que foi a minha primeira graduação, a posse na Academia de Letras do Brasil, a própria participação na Bienal do Rio. Mas tenho impressão que qualquer um pode fazer isso, a qualquer momento, a depender de seus desejos. Talvez a coisa mais importante que eu já fiz na vida seja a que ainda esteja por vir. 

Tem algum livro favorito da vida? Se sim, porque ele é tão bom?

“Franz Kafka e a Boneca Viajante”. É um livro quase infantil, estilo “O Pequeno Príncipe”, mas mil vezes melhor. É de derreter!

Qual o seu signo?

Sou sagitariano, não praticante. 

Quando você decidiu que seria psicólogo/psiquiatra?

Psiquiatra, não kkkk
Optei pela Psicologia quando eu tinha 17 anos e o futuro batia à minha porta pedindo urgência, querendo saber qual era a minha. Eu tinha algumas opções, como Relações Públicas, numa universidade pública. Mas o que falou mais alto foi as oportunidades das duas profissões no mercado de trabalho e, por esta razão, escolhi a psico.

Se você pudesse ser animal, qual seria é porque?

Acredito que a coruja. Ela carrega um mistério tão grande, né? Eu as acho tão lindas, além de admirar sua vida noturna. Elas vem enxergar coisas que ninguém mais vê.
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15 comentários:

  1. Olá, tudo bem? Não conhecia o autor mas fiquei bem encantada pelo livro e com muita curiosidade para ler a obra! Achei o post incrível, ♥

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  2. Olá!! :)

    Eu confesso que nao conhecia o autor ainda, nem nenhum dos seus livros. Fiquei curioso com a historia O Rapto dos Dias.

    Em particular, gostei da resposta sobre o animal e todo o misticismo e misterio que pairam sobre a figura da coruja.

    Boas leituras!! ;)
    no-conforto-dos-livros.webnode.com

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  3. Gostei demais de conhecer o autor e sua obra. Ele tem um currículo de peso e me interessei em ler sua obra, espero estar fazendo isso futuramente.

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  4. Nossa, eu não conhecia o autor e nem a obra, mas já inclui na minha lista de desejados na Amazon, espero em breve estar com o e-book em mãos e a leitura concluída. Eu adorei a entrevista e me vi, de uma forma sensacional, conectada ao autor e sua história, o que aguçou ainda mais a minha curiosidade.

    www.sonhandoatravesdepalavras.com.br

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  5. Oi Bianca! Não conhecia o autor, mas adorei a entrevista. Tanto as respostas dele, quanto as suas perguntas.
    Adorei a capa do livro dele e o nome. Vou procurar mais a respeito.
    Beijos
    https://almde50tons.wordpress.com/

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  6. Não conhecia esse autor, mas fiquei bastante interessada. Gostei muito de ler as respostas dele, é sempre legal conhecer melhor quem está por trás dos livros.
    Beijos
    Mari
    Pequenos Retalhos

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  7. Nossa, quantq curiosidade bateu agora sobre o livro O Rapto dos Dias!!! Já quero ler. Saber que o autor é psicólogo já é um incentivo e tanto! Amei!!!

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  8. Olá! Que entrevista tão maravilhosa! Eu também escrevo, então, ler entrevistas assim me deixa pra lá de animada. Adorei conhecer o autor, adorei conhecer sua trajetória e adorei as indicações que ele solta no decorrer da entrevista. Já quero ler os livros dele, principalmente o infantil sobre o autor que acorda sem a Palavra.

    Adorei, de verdade.
    Xêro grande|| Johany Medeiros
    www.utopiavk.blogstpot.com

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  9. Olá, tudo bem?

    Eu adorei a entrevista, pois foi uma ótima oportunidade para eu conhecer o autor, além disso conta com diversas curiosidades. Vou pesquisar sobre o livro "O Rapto dos Dias".
    Abraço!

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  10. Oie, tudo bem? Ah, que entrevista mais incrível! É uma honra poder conhecer autores mais de perto ainda mais quando eles já nos conquistaram com suas histórias. Achei interessante ele buscar inspiração em outros autores e agregar isso às suas obras. Mas o que me chamou atenção mesmo foi ele gostar de corujas. Realmente são animais incríveis! Um abraço, Érika =^.^=

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