Oi pra você aí do outro lado!! Como você tá? Por aqui as coisas estão meio corridas e as leituras avançam pouco, mas são boas leituras. No fim das contas, é isso que importa!


Bom, hoje eu vim contar sobre a minha experiência com um livro que foi uma grata surpresa. Eu não sou uma ávida consumidora de fantasia, sempre tive bastante dificuldade em me inteirar do mundo e entender como as coisas funcionam, mas desde que soube que essa fantasia sáfica seria publicada aqui, eu quis ler.


Antes de seguir na leitura desse texto, saiba que o livro abordado possui inúmeros temas sensíveis como: genocídio, feminicídio, intolerância e abusos.





O Trono de Jasmim” foi escrito pela Tasha Suri, é o primeiro volume da série Os Reinos em Chamas, publicado aqui no Brasil pela Galera Record e traduzido plea Laura Pohl.


No livro conhecemos Malini, uma princesa que foi banida da corte pelo seu irmão, o rei ditador, e agora vive exilada no Hirana, um lugar que, antes de ser palco de um genocídio, era um lugar sagrado, fonte de muita magia e que abrigava as Águas Perpétuas - uma fonte poderosíssima de magia - e que era lar dos Filhos do Templo. Já não existem pessoas naquele lugar isolado e a princesa cumpre o seu exílio sendo envenenada aos poucos por uma criada, seguindo as ordens de seu irmão.


Do outro lado da história temos a Priya, uma criança do templo que sobreviveu ao massacre e trabalha como criada, levando uma vida quase invisível. Entretanto, ela fica incumbida dos cuidados da Princesa Malini, praticamente tendo que se exilar com a princesa, no lugar que antes era sua casa.


Além disso, as pessoas daquele mundo estão sofrendo de uma doença chamada decomposição, que "distorcia a vegetação e infectava as pessoas que trabalhavam nos campos e que brotava através da pele e folhas que saíam pelos olhos."


Quando Priya e Malini conseguem conversar, nos raros momentos em que a princesa não está drogada, acabam por descobrir muito uma sobre a outra e formam uma aliança um pouco improvável, já que as duas tem um único objetivo: derrubar o império de Parijatdvipa.


"Todos aqueles homens e mulheres condenados à morte, e por qual motivo? Um "ataque" em que ninguém morreu a não ser Meena? Seu regente é um tolo, e o mestre dele é um tolo. O imperador precisa entender que não podem extirpar a nossa língua, banir nossas histórias, nos deixar passar fome para então nos matar sem nenhuma consequência. Eu não me arrependo, Pryia. E você também não deveria se arrepender."


O livro é narrado em POVs (pontos de vista) e cada capítulo é um personagem que narra. Malini e Pryia já são personagens extremamente complexos e bem desenvolvidos e sua jornada se apoia em vários outros personagens como Bhumika, Ashok e Rao. Um dos pontos que me encantou foi justamente esse, que a autora usou a primeira parte do livro para desenvolver os personagens e mostrar o contexto politico naquele momento da história. Entretanto, isso fez com que eu achasse esse começo da história extremamente lento, tanto pela quantidade de informação quanto de narração.


A relação da Pryia e da Malini é tudo pra mim, elas formam um casal muito fofo e é muito bonito ler as duas meio tímidas e com medo de falar o que sentem uma pra outra e o pau torando enquanto rola tudo isso HAHAHAHAHA


O livro tem quase 700 páginas e não tem aquele linguajar rebuscado que geralmente tem em livros de fantasia. Foi uma boa leitura e eu estou bastante animada pra ler os outros livros dessa série! Espero muito que a editora não esqueça a série no churrasco HAHAHAHAH


Por hoje é isso, até mais!


 Oi pra você aí do outro lado!

Hoje eu vim contar como um livro de menos de 200 páginas me destruiu e me atravessou de uma forma que eu não consigo explicar. Tanto é que esse texto tá nos meus rascunhos desde que eu terminei de ler, eu simplesmente não consigo achar palavras pra descrever. Mas vamos lá.  





O livro é narrado por uma mãe que é exemplar, pelo menos aos olhos da sociedade: ela é viúva de um bom casamento, é cuidadora de idosos e criou sua única filha pra seguir o mesmo caminho, casar, ter filhos, uma boa casa, um emprego com bom salário, uma vida confortável. Entretanto, tudo vai por água abaixo quando a Green se assume lésbica, não tem emprego fixo e muito menos dinheiro pra pagar aluguel.


Em meio a isso, Green e sua namorada vão morar no apartamento da mãe e é aí que as coisas ficam complicadas. Essa mãe passa o dia todo num ambiente insalubre, cuidando de idosos que foram abandonados pelas famílias, muitas vezes esses idosos não conseguem ter o mínimo de dignidade. E se você conhece um pouco da Coreia do Sul sabe que além de extremamente preconceituosos, existe essa cultura de que os filhos devem cuidar dos pais na velhice e como a velhice por lá acontece - spoiler, muitos idosos tiram a própria vida por não conseguirem se sustentar.


A escolha de colocar a mãe como narradora do livro foi muito acertada pois estando na cabeça dela conseguimos ver que o problema nem é tanto sobre a filha dela ser lésbica, é muito mais sobre solidão, medo de não ter quem cuide dela e da filha na velhice, medo de não “continuar a família”, quebra de expectativas e perda de esperança. Mesmo que a namorada da Green faça comidas deliciosas, os pensamentos da mãe são sempre muito incisivos a respeito da menina.


“Porque minha filha, justo a minha filha, tem de amar uma mulher? Por que eu tenho de passar por essa prova, que outros pais nunca nem pensariam em ter de superar? Por que justo eu tenho de passar por tamanha dificuldade?”


Esse é um daqueles livros que doem muito, especialmente em pessoas como eu. É sempre muito complicado esse tópico da família, mais ainda quando o assunto é mãe. Não é um livro fácil de ser lido, de forma alguma, mas como parece muito que estamos dentro da cabeça dessa mãe e que o que estamos lendo é quase como o fluxo de pensamentos dela, fica muito difícil parar de ler. 


Esse é um daqueles livros que me deixou olhando pro nada durante algum tempo só pra absorver o impacto que essa história me causou. É uma história real, com pessoas reais e com coisas que podem ou não ter acontecido com você, mas que, em alguma medida, você vai se identificar e vai entender o que eu tô escrevendo aqui.


Espero que você tenha gostado do texto de hoje, me conta se você já leu esse livro e eu volto em breve <3


 Oi pra você ai do outro lado!

Hoje eu vim contar sobre a minha primeira leitura favoritada de 2024 e que também entrou pro top 3 favoritos da vida!


A noite passada no Telegraph Club, escrito por Malinda Lo, saiu pela editora Verus, com tradução da Thais Britto. 





Neste livro vamos acompanhar a Lily Hu, uma adolescente de origem chinesa mas que nasceu nos Estados Unidos. Ela mora em Chinatown com seus pais e irmãos, uma típica família chinesa. Ah, nós estamos na década de 50, importante ressaltar também que foi nessa época que a “ameaça comunista” começou a ter forma e os chineses poderiam ser deportados.


Lily sempre teve uma vida pacata acompanhada de sua melhor amiga Shirley, também sino-americana, mas as coisas começam a tomar caminhos inesperados após um incidente: Lily deixa um recorte de jornal cair no chão, nesse recorte anunciava a apresentação de Tommy Andrews, uma imitadora masculina no bar lésbico chamado Telegraph Club. Quem lhe devolve esse recorte é Kath Miller, uma menina da mesma sala que Lily e, para sua surpresa, Kath revela que já foi a esse bar e já viu a apresentação de Tommy.


A partir daí, a vida de Lily muda completamente quando ela se percebe parada embaixo do letreiro do Telegraph Club, junto com Kath e aquele mundo até então desconhecido, se mostra pra ela.


“Era aquele ainda sim que fazia a pele de Lily queimar por dentro. Era saber que, apesar das roupas que Tommy usava, apesar da atitude que fazia todo mundo ali olhar pra ela, ela não era um homem. Era algo poderoso e indescritível, como se todos os desejos mais secretos de Lily estivessem ali, expostos, no palco.”


Eu nem sei por onde começar a falar da avalanche de sentimentos que esse livro me trouxe, mas acho que um bom ponto de partida é que os medos que a Lily tem quando começa a entender sua atração por mulheres, eu tinha também e na adolescência tudo já é tão horrível e complicado e acaba que esse entendimento é um pouco mais doloroso, mas o primeiro amor é uma coisa tão avassaladora quanto os sentimentos ruins. Quando eu tive minha primeira namorada, minha nossa, foi como se eu tivesse entendido meu lugar no mundo.


O livro retrata essa descoberta da lesbianidade e do primeiro amor de uma forma muito genuína e muito sincera, extremamente real. O quanto o amor lésbico é revolucionário, o quanto nós precisamos nos arriscar e arriscar muita coisa em prol de sermos quem somos. 


A Noite passada no Telegraph Club é uma homenagem à todas as caminhoneiras e todas as “menininhas” que vieram antes de nós e que fizeram e resistiram tanto pra que hoje a gente pudesse continuar existindo. Eu recomendo demais a leitura desse livro, eu vou passar o resto da minha vida falando sobre ele e obrigando todo mundo a ler também HAHAHAHAHAH