Olá pessoas, como vocês estão hoje?
Por aqui ando passando por várias mudanças e muitas coisas andam acontecendo, é difícil dizer se são mudanças boas ou ruins, acho que nosso senso anda meio distorcido devido a tudo que anda acontecendo no país. Mas não é sobre isso que vim falar agora. Hoje eu vim contar a minha experiência com a As Nove Vidas de Rose Napolitano, escrito por Donna Freitas, traduzido por Lígia Azevedo e publicado pela Paralela recentemente.
Rose Napolitano é uma mulher muito bem sucedida e decidida. Ela acabou de terminar seu doutorado, tem muitos sonhos acadêmicos, uma vida financeiramente estável e um marido que ela ama e a ama de volta. Mas aí você me pergunta: Bia, o que tem de errado nisso? Errado mesmo não tem nada, mas Rose Napolitano sempre soube que não queria ser mãe.
Ela sempre teve muito intrínseco dentro de si que a maternidade não era pra ela e que ela não seria uma boa mãe. Seu marido, Luke, concordou com isso. Mas as coisas começam a mudar quando Luke insiste que Rose tome as vitaminas para tentar engravidar e ela não toma.
É desse ponto que a gente conhece as nove vidas da Rose Napolitano. A partir dessa escolha, vamos acompanhar nove linhas do tempo diferentes que envolvem a Rose, o Luke e os pais de cada um. Um drama emocionante e muito real, ao ponto de doer em qualquer mulher que lê.
“Sempre que digo às pessoas que não quero filhos, que Luke e eu não planejamos ter, olham pra mim de um jeito estranho. Depois dizem algo condescendente, como que só vou descobrir meu verdadeiro propósito da vida depois de virar mãe. Como se mulheres fossem, por definição, mães à espera. Como se virar uma mulher adulta fosse sinônimo de virar mãe, uma espécie de condição genética latente que só aparece quando a pessoa chega a uma certa idade. De repente, as mulheres percebem o que sempre esteve ali, apenas sem se manifestar.
[...]
As pessoas nunca dizem esse tipo de coisa a Luke.”
Quando eu recebi esse livro, eu logo pensei em O Impulso que é um thriller que fala sobre isso também, mas de uma forma mais brutal. Eu sempre gostei muito desse tema de maternidade compulsória desde que comecei a estudar feminismo e esse livro escancara demais o “papel” da mulher numa sociedade.
A Rose não quer ter filhos e tudo bem. Ela quer se dedicar à carreira dela e não acha que será uma boa mãe. O problema é que muitas vezes nem a própria mãe aceita isso. E quando a história começa a desenrolar nessas nove linhas do tempo é muito nítido ver como esse papel sempre cai sobre a mulher. O Luke só quer filhos como uma “forma de salvar um casamento” ou qualquer coisa assim, por pressão dos pais e a Donna fez um trabalho impecável mostrando tudo isso em forma de drama com uma mulher como a Rose.
Eu chorei em muitos pontos do livro, por me identificar com a Rose em muitos pontos. Claro que, por uma questão puramente preconceituosa ninguém espera que eu seja mãe só pelo fato de ser lésbica, isso também é muito horrivel. Todos enxergam a maternidade como algo natural, um ciclo da vida, que em algum ponto você vai querer ter filhos e vai querer cuidar deles, mas não é toda pessoa com útero que tem psicológico, autonomia e dinheiro pra ter uma criança.
A narrativa do livro assusta um pouco no começo porque as vidas vão mudando ao longo dos capítulos e não é uma narrativa linear, mas depois dos 5 primeiros capítulos eu já peguei o ritmo e foi uma leitura devastadora. Eu recomendo demais esse livro, faz a gente pensar sobre o que “esperam” de nós de uma forma que eu não senti, eu só fui lendo e absorvendo e quando eu acabei eu só fiquei sentada olhando pra parede e pensando no quanto esse livro mexeu comigo.
Essa foi a dica de hoje e eu espero que vocês tenham gostado! Me contem se vocês já conheciam o livro, se já leram ou querem ler! E se quiserem me indicar mais livros que falam sobre maternidade compulsória eu vou agradecer!
Até o próximo post!
Oie, tudo bem?
ResponderExcluirEstou com esse livro aqui e muito curiosa para ler. Achei a premissa dele bem diferente e instigante, e gostei dos temas que são abordados. Acredito que seja uma leitura que realmente mexe com o leitor. Amei a sua resenha e fiquei ainda mais empolgada.
Beijos!
Achei a proposta de leitura muito interessante, adorei a dica e fiquei curiosa pela obra, espero ter chance de ler em breve! Gostei sobre a diferenciação da narrativa!
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