E aí meus brilhinhos, como estamos hoje? O livro de hoje é bem especial pra mim. Antes de mais nada, vou explicar o contexto dele.

O Felipe escreveu um outro livro que, inclusive me salvou num momento difícil, que se chama ‘Para onde vão os Suicidas’ (clique aqui pra ver a resenha) e eu conheci Eloáh nesse livro, foi inclusive o personagem que eu mais gostei e quando eu fui conversar com o Felipe e contei que tinha adorado Eloáh, ele me contou que estava escrevendo um livro sobre Eloáh e desde então eu tô doida pra ler esse livro. O momento chegou, senhoras e senhores!!



 O nascimento de Eloáh foi celebrado com grande alegria por sua família. Com grandes olhos castanhos e cabelos loiros, conquistou rapidamente a alegria de todos ao redor. Na infância, serelepe e de curiosidade insaciável, logo aprendeu a ler e escrever. Mergulhou em livros e histórias. Era o orgulho de seu pai e mãe.Porém, conforme o seu crescimento, passou a notar cochichos, olhares diferentes e a relação com seus pais desandou. Tinha nove anos e não entendia o motivo daquelas reuniões ao seu respeito e nem porque um padre sempre lhe benzia e orava, usando versículos e palavras que não compreendia.Foi com doze anos que seu pai entrou em seu quarto e teve uma conversa de quase duas horas. Após sua saída, só conseguiu fechar os olhos, deixar as lágrimas caírem e tentar esquecer a palavra que ecoava em sua mente: aberração.*O livro foi cedido pelo autor; A história pode conter gatilhos.

No começo do livro, a gente conhece Eloáh, filho de uma mãe artista que se calou em nome do casamento e do marido extremamente abusivo. Seu pai é pastor de uma igreja e é extremamente rígido e preza pela moral e os bons costumes, mas vai no prostibulo e tem caso com todas as mulheres possíveis e imagináveis, é agressivo e um completo lixo de pessoa. Eloáh é adolescente, no ultimo ano do ensino médio.

A família mora na Cidade dos confetes, um lugar recheado de gente famosa e adepta dessa coisa da moral e dos bons costumes. Ele estuda na melhor escola da cidade, junto com todos os filhos pessoas importantes da cidade.

Eloáh não consegue se olhar no espelho, o espelho não reflete quem é. É uma pessoa infeliz, que tem pensamentos suicidas, sofre bullying por sua aparência na escola onde estuda... acho que já deu pra entender né?!

“Estar aqui é engraçado, porque eu nunca tive a oportunidade de me apresentar pra ninguém. Ainda assim, se perguntarem a meu respeito, a maioria terá algo a contar sobre mim. Porém ao menos dessa vez, gostaria que me conhecessem através de minhas palavras. Eu me chamo Eloáh. Segundo meu pai, esse nome é bíblico e significa, literalmente, Deus.”


Esse livro é difícil de se ler desde o começo. As agressões que Eloáh sofre são inumanas, os professores e responsáveis acham ok maltratar uma pessoa só por ela ser diferente, e pra ajudar ainda mais nisso, o pai, que já é um completo perturbado, manda Eloáh pra fazer terapia com um psicóloga que acredita na “Cura Gay”.

As consultas com essa psicóloga são de dar nojo em qualquer um, ainda mais porque ela quebra o sigilo médico e ainda tem a capacidade de falar que Eloáh só é assim por causa da mãe.

Mas como tudo pode ter um lado bom, Eloáh conhece Sam, um garoto negro de cabelo azul que se veste de uma forma fantástica e que é bolsista na escola. A amizade que se constrói entre os dois é muito real, e mostra que dificilmente a gente supera as adversidades sozinho. Também tem o vizinho de Eloáh, o senhor Luís, um viúvo super pra frente e que fica no jardim ouvindo musica e dançando sozinho; a amizade dos dois também é muito bonita.
Dito isso, aqui acompanhamos uma jornada cheia de altos e baixos assim como a vida da maioria dos LGBT+, uma história sobre amizade, sobre a força do ser, do existir e principalmente, de coragem; afinal, ninguém tem o direito de tirar a nossas cores.

“Quantas vezes você se mata ao aprisionar sua verdadeira identidade?”

Eu nunca vou me cansar de elogiar a forma como o Felipe escreve cenas tristes e horríveis com um tato imenso, é o tipo de escrita que choca mas que vai te fazer pensar muito sobre esse tipo de coisa e se questionar muito sobre a falsidade do mundo e esse livro talvez seja uma representação de como é a vida das pessoas LGBT+, não só dos Trans.

O desfecho dos personagens é sensacional e ao longo do livro eu chorei muitas vezes, tem muita coisa ali que eu também passei e, me atrevo a dizer, mais incrível do que acompanhar Eloáh em sua jornada de aceitação, é acompanhar a mãe saindo do transe do relacionamento abusivo. O livro pode ser triste, mas é um dos livros que eu li que tem “final feliz”.

Eu recomendaria esse livro de olhos fechados pra todo mundo, do mesmo jeito que continuo recomendando ‘Para onde vão os Suicidas’. Realmente, esses livros que fazem a gente sofrer são uma forma mais bruta de abordar a realidade que a gente vive. Obrigada por mais essa, Felipe.

Olá brilhinhos, como estamos hoje?

Hoje eu vim contar pra vocês como foi a minha experiência com o livro ‘Ela disse’, que conta os bastidores daquela reportagem sobre o Harvey Weinstein, da Miramax, que acabou por impulsionar o movimento #MeToo na internet.



Aqui temos um livro jornalístico, que conta todo o processo das jornalistas do NYT em publicar e apurar os dados sobre assédio sexual por parte do Harvey, o produtor da Miramax que, inclusive, ganhou uma par de Oscar ao longo da vida e, uma das atrizes de Shakespeare Apaixonado que levou o Oscar, falou sobre os abusos sofridos por Harvey.

O livro fala sobre comprar o silêncio das vítimas por meio de acordos de confidencialidade, sobre como isso ficou escondido, sobre as leis dos EUA que meio que permitem que o assédio se perpetue… É uma coisa absurda de se ler, sobre o tanto de dinheiro envolvido, sobre como o mundo de Hollywood é podre com as mulheres, uma baita duma crítica aos homens endinheirados que acham que podem tratar as mulheres de qualquer jeito.
 “Me fizeram passar vergonha enquanto adulavam meu estuprador.”

Eu gosto muito de livros jornalísticos, eles sempre são muito realistas e ler esse livro, me deu um choque tão grande! Eu não acompanhei tanto assim o movimento, porque ele chegou aqui no Brasil com outro nome e eu também não era das mais ligadas em redes sociais, mas foi uma leitura intensa, não diminuiu em nada o impacto. Eu também fui ler todas as reportagens que são citadas no livro e elas são muito boas, eu sempre leio o NYT quando posso e vale a pena, recomendo que todo mundo leia.

O livro é super detalhado, conta desde aquela reportagem sobre o Trump, o que levou as duas a pesquisar sobre isso, o processo de contatar as fontes, a escrita do furo, as coisas horrendas que aconteceram, inclusive tem as transcrições dos relatos das vítimas do produtor.

No fim do livro, tem uma entrevista em conjunto com todas as pessoas que participaram e que falaram sobre o caso em público, tanto na primeira quanto na segunda reportagem, é um livro extremamente completo.

“Era esperado que eu guardasse segredo.”

Um livro que eu comecei a ler por acaso e que mexeu muito comigo, a sujeira por trás de tudo isso é surreal. E quando eu tive uma ressalva sobre o livro, que foi “se isso acontece com elas que são cheias de dinheiro e fama e elas tem medo, imagine comigo?” o livro foi lá e contou sobre outros casos de pessoas “normais”; uma acadêmica que sofreu uma tentativa de estupro e sobre moças que trabalham no McDonalds e que sofreram assédio, gente normal que também teve coragem.

Esse livro, acima de qualquer coisa, é a prova concreta de que se a gente der as mãos, ninguém vence a gente. Quando alguém toma a frente, acaba impulsionando um mar de gente que também tem histórias tristes pra contar, mas só precisavam de um pontapé. Eu mesma, só consegui contar as duas coisas que aconteceram comigo pra minha esposa, tem pouco tempo. A gente carrega essa dor pelo resto da vida, mas quando a gente divide o fardo, acho que as coisas tendem a melhorar.

Se tiverem oportunidade, leiam o livro e as reportagens, elas estão disponíveis no site do NYT.
Hoje vamos falar sobre maior premiação do cinema, mas especificamente os vencedores deste ano. Embora muitos filmes, atores e diretores tenham ficado esquecidos no churrasco na premiação desse ano, a cerimonia nos trouxe um evento inédito em sua principal categoria.

Tenho que dizer de todos as cerimonias do Oscar que já vi essa foi a que mais me surpreendeu em algumas categorias. Bora lá.



Melhor ator coadjuvante:

Brad Pitt – Era uma vez em Hollywood

Sem duvida eu achei que o Irlandês levaria a premiação pois se trava do grande Al Pacino na disputa pela estatueta, aí já começou minhas surpresas da noite. A fabula de Tarantino muito bem dirigida e escrita deu a Brad o destaque que ele precisava com esse personagem que em sua simplicidade é muito carismático, pessoalmente pra mim o filme é de Brad ainda mais pela cena do Rancho, onde o clima de faroeste predomina e ficamos tensos achando que algo vai dar errado a qualquer momento.





Melhor atriz coadjuvante:

Laura Dern – História de um casamento

Minha torcida e esperança eram para Scarlett Johansson – Jojo Rabbit pois o filme tem uma sutileza que me pegou e deixou de coração quentinho o papel dela me lembrou um pouco o aclamado a vida é bela, especialmente pelo que acontece com ela durante a trama, mas falando da ganhadora em Historia de um casamento eu não posso negar em como ela está bem, atuação foi realmente muito bem desenvolvida principalmente pelo diálogos muito bem escritos do roteiro.




Melhor ator:

Joaquim Phoenix – Coringa

Já esperado por todos, temos que reconhecer que Joaquim está muito bem nessa releitura realista do coringa, um filme trouxe um ar novo para adaptações mais realista e serias sobre personagens de quadrinhos.



Melhor atriz:

Renée Zellweger - Judy: Muito Além do Arco-Íris

Esse eu achei sem dúvida o prêmio mais merecido da noite seguido por parasita mais abaixo. Pela atuação da atriz e pela sua grande volta por cima na vida pessoal que podemos traçar em paralelo com sua personagem, que lhe deu a oportunidade de levar a estatueta par casa. O Filme e fabulo e muito se deve a entrega de Renée ao papel vale muito apena ver essa cinebiografia de Judy.



Melhor animação:

Toy Story 4

Meu coração estava ali em Klaus que foi animação que surpreendeu completamente com sua história profunda em uma animação 2D que são extremamente raras na era da computação em 3D. mas competindo com os estúdios Pixar fica difícil. Falando sobre Toy Story 4, pessoalmente eu fui umas das pessoas que ficou com o pé atrás com essa animação pois para mim o final do longa 3 estava perfeito, era um fim grandioso para nossos amigos Wood e Buzz, mas ai os estúdios Pixar vem e me diz ainda há mais uma historia pra contar, meu  Deus foi muito melhor do que eu esperava, eu nem sabia que precisava desse filme, seus personagens conjurantes como o garfinho (lixoo!!) e Gabe Gabe que mexem com nossa criança interior.



Melhor curta animado:

Hair Love

Ai não tem discussão com ninguém, era o favorito e já tinha ganhado em outras premiações, gente, só vejam esse curta, pois nada do que eu diga aqui faz jus a essa pequena animação.




Melhor canção Original:

Rocketman – “(I’m gonna) Love me again”

Rocketman um dos filmes que achei que foi esquecido no churrasco da premiação, sem duvidas ele sofreu pela sua janela de exibição no ano passado fora das estreias que são direcionadas para o Oscar. Este filme de longe é muito melhor que Bohemia Rapsody se tratado de uma biografia musical. O prêmio foi merecido para essa ótima cinebiografia de Sir Elton John nua e crua sobre seus problemas com álcool e drogas, essa musica é realmente fascinante ainda em contexto com filme.



Melhor Roteiro adaptado

Taika Waititi - Jojo Rabbit

Ta ai mais uma surpresa da noite, todos os indicados eram de peso com o Irlandês, coringa que estava levando tudo em outras premiações, Adoráveis mulheres e Dois papas. Que são todas ótimas adaptações, mas o vencedor tem aquele ar fantasioso em meio a um dos piores conflitos humanos e ainda sim ele não deixa de nos mostrar mesmo com sua narrativa leve, ainda revela os eventos triste e sombria da segunda guerra mundial.





Melhor Roteiro Original:

Bong Joon Ho e Han Jin Won - Parasita

Mais uma surpresa da noite, o filme coreano levando melhor Roteiro original, merecidíssimo, com sua trama que merece um post só pra ela, deixa aí nos comentários se você quer uma crítica só sobre Parasita.

Melhor Direção:

Bong Joon Ho – Parasita

Outra surpresa da noite que até mesmo o diretor brincou em seu discurso, mas sem dúvidas a direção desse filme é impecável, já se nota pelos seus outros filmes com Hospedeiro que ganhou alguns prêmios no circuito internacional.






Melhor Filme:

Parasita

O grande marco da História um filme internacional ganhando na categoria melhor Filme e também melhor filme internacional.





Por hoje é só pessoal, citei aqui as categorias mais faladas e deixei as tecnicas, mas se vocês quiserem um sobre as categorias tecnicas deixa ai nos comentarios.

E caso também desejem que me aprofunde mais em algum filme deixa ai a sugestão ou pedido.

Forte abraço.





Olá brilhinhos, como estamos hoje? 

Hoje eu vim contar as minhas impressões sobre o livro ‘Desculpa e até logo’ do Alexandre Klein! Esse é o segundo livro que eu leio dele, já li ‘O nome dele é Erick’ e se você quiser ver a resenha que eu fiz pro blog da Bia (outra Bia), é só clicar aqui. Bom, vamos lá.



‘Desculpa e até logo’ tem como personagem principal o Pedro, um cara de mais ou menos uns 20 anos que, logo no começo do livro, recebe a notícia de que a mãe morreu atropelada ao atravessar a rua. Quando enterram sua mãe, ele joga uma flor no caixão e diz baixinho “Olhe por mim” e, por mais bizarro que isso pareça, um tempo depois, o fantasma da mãe dele aparece em casa! 

Dito isso, Pedro e sua mãe tentam descobrir juntos o porquê de ela ainda estar aqui com ele, mesmo que fantasma. Na ida à um médium, descobrem que Pedro precisa ser sincero com a mãe, contar 3 coisas que ele nunca contou pra ela; Na ida à psicóloga, ele recebe a missão de quebrar giz de cera coloridos a cada tarefa cumprida, cada cor da caixa corresponde a uma tarefa que vai unir os dois.

Entre tarefas, medos, um “padrasto” abusivo, coisas virando de ponta cabeça, temos a história do Pedro ou, melhor ainda, temos a história de como sua mãe era. Uma história emocionante.



Eu nem preciso dizer o quanto essa história mexeu comigo né?! Toda história que envolve essa coisa de mãe mexe bastante comigo (pra quem não sabe, eu não tenho contato com a minha).

Quando eu li algo do Alexandre pela primeira vez, logo de cara eu me encantei com a narrativa dele, com o jeito que ele escreve, mais parece que ele tá ali na sua frente contando algo que aconteceu com ele. Nesse livro não é diferente, levando em conta que esse livro é um presente pra mãe dele, na vida real.

Eu achei bem ousado da parte dele escrever algo sobre a morte de uma mãe e sobre como o filho lida com a perda dela. A relação do Pedro e da Regina é muito bonita e super bem construída, dá pra perceber que, mesmo com os segredos, é uma relação extremamente sólida.



É difícil falar sobre a Regina, poxa vida que mãe! No decorrer da história, ela se mostra um exemplo de mãe, o tipo de mãe que eu daria tudo pra ter. Uma mãe que se importa, que pensa no Pedro antes de pensar nela. Mesmo que seja difícil ter o filho como o “centro da sua existência”, ela tira isso de letra, algo que me emocionou no livro foi isso.

Essa história que fala sobre luto, sobre amor, sobre ser, sobre ter coragem de enfrentar o mundo, sobre esquecimento, sobre libertação, com toda certeza foi uma das mais sensíveis que eu li até agora! Que livro incrível. 

Na dedicatória do livro que o autor me mandou, tava escrito que “eu tenha a chance de me apaixonar de uma forma diferente” já que eu amei o Erick. Bom, eu me apaixonei perdidamente por esses dois. Esse livro merecia um filme!

Pedro, obrigada por ter me mostrado que as vezes, tá tudo bem ter medo de contar as coisas, uma hora elas saem; Regina, obrigada por ser a mãe que eu gostaria de ter tido, você é incrível. Alexandre, obrigada pela oportunidade de ler esse livro, você arrasou mais uma vez.

Olá brilhinhos, como estamos hoje? O post de hoje é pra contar a minha experiência com um livro mais do que incrível é que eu adorei cada segundo da leitura. Vamos lá.



A Vida invisível de Eurídice Gusmão veio pra me mostrar o quanto as mulheres avançaram nos últimos tempos.

O livro conta a história de Eurídice, uma moça com uma inteligência acima da média e que poderia ter sido qualquer coisa que quisesse, porém, ela é uma mulher carioca nos anos 40, ou seja, estava fadada ao casamento e ao convívio do lar.

“Ela sempre achou que não valia muito. Ninguém vale muito quando diz ao moço do censo que no campo profissão ele deve escrever as palavras “Do Lar”.”

Eurídice levou muitos nãos na vida: quando quis estudar flauta mais afundo, não pode pois moças devem se dedicar a ter um bom marido; Quis publicar um livro de receitas e não pôde, afinal, quem iria ler um livro escrito por uma dona de casa.

Ela se casou nova e logo entendeu que a vida dela era, basicamente, lavar as cuecas do marido, fazer comida, arrumar os filhos e o tempo que sobrava (que era muito tempo) ela deveria ficar sentada no sofá olhando a estante de livros. Como diz no livro, Eurídice não pode se permitir pensar no que ela poderia ser fora dos muros da casa, então ela arranja desafios para lhe ocupar a mente: cozinhar tudo que der mesmo que a família não ligue é, mais pra frente, costurar.

Quanto mais ela tenta se encaixar naquela vida de família de classe média da Tijuca, com um marido que não levanta a mão pra ela e por isso ele é fantástico, filhos bons e dispensa cheia, mais inquieta ela fica. E é no meio dessa inquietação que ela redescobre a estante para qual tanto olha! Tolstói, Shakespeare, Flaubert, dentre tantos outros que passam a fazer companhia pra ela.

E é nessa hora que meu coração começou a palpitar de alegria! Eurídice compra uma máquina de escrever e a coloca no antigo escritório que o marido usava, e os dias agora são preenchidos por infinitos tec tec tec tec!

“era uma mulher brilhante. Se lhe dessem cálculos elaborados ela projetaria pontes. Se lhe dessem um laboratório ela inventaria vacinas. Se lhe dessem páginas brancas ela escreveria clássicos. Mas o que lhe deram foram cuecas sujas, que Eurídice lavou muito rápido e muito bem, sentando - se em seguida no sofá, olhando as unhas e pensando no que deveria pensar.”

O livro também fala sobre os outros personagens, como a faxineira de Eurídice, conta a vida do marido dela e dos vizinhos que a cercam, os pais dela, mas sem sombra alguma de dúvida, a melhor personagem é a irmã de Eurídice, Guida Gusmão. Não vou me alongar aqui contando muito sobre a história dela, mas que história fantástica! Mas mostra também, em contrapartida, a crueldade. Guida passa por poucas e boas na vida, mas mesmo assim, mesmo com uma força sobrenatural que tem, ela precisa se render ao casamento para se encaixar na sociedade.

No começo do livro a autora fala que essa é uma história sobre nossas avós e é realmente verdade. Minhas avós, que infelizmente não conheci, tiveram vidas muito parecidas com o que é relatado no livro. Isso só me faz pensar uma coisa: se hoje eu posso escolher ser o que eu quiser, inclusive dona de casa, é exatamente porque as avós não tiveram nenhuma escolha. 

Um livro curto, mas com um peso gigantesco! Eu amei cada página desse livro. Ri, me emocionei, chorei, me compadeci de alguns personagens e tive ódio de outros. Caso tenha oportunidade de ler esse livro, não deixe passar.


Olá brilhinhos, como vocês estão hoje?

O post de hoje é sobre o primeiro livro que eu li pro “Projeto Empretecendo Narrativas” que é uma iniciativa minha, da Evy e da Vi. Vamos lá então.



Americanah tem como personagem principal Ifemelu, uma jovem nigeriana que vai pros Estados Unidos em busca de estudo; nessa época a Nigéria estava sob governo militar e os professores universitários fazem greves com frequência, cansada disso, ela vai pros EUA terminar os estudos. Quando ela chega lá é que ela se vê como uma mulher negra pela primeira vez, e como uma “negra não americana”.

É assim que se dá o relato do tempo que Ifemelu passou nos Estados Unidos, a questão do racismo institucional, o jeito como ela precisa passar a se ver, relacionamentos interraciais. Ela também começa a entender a forma como as pessoas brancas olham pra ela, como elas querem ouvir sobre o racismo dela, de um jeito que agrade os brancos. 

No tempo que vive lá, ela escreve um blog onde relata suas experiências sobre as mais diversas situações.

“Você está num país que não é o seu. Faz o que precisa fazer se quiser ser bem-sucedido”

Esse foi o primeiro romance que eu li da Chimamanda e, quando eu fui pesquisar sobre ela, vi que esse livro é basicamente uma autobiografia, acho que isso fez com que eu ficasse ainda mais pensativa sobre os temas e pessoas que aparecem nessa história.

Particularmente, eu demorei quase três semanas pra ler as 500 e poucas páginas do livro. Não, ele não é um livro com uma escrita difícil, tampouco um livro que “enche linguiça” o que me pegou mesmo foi a narrativa dele, muito parecida com outro livro nigeriano que eu li ano passado, Água Doce, que é uma narrativa muito crua, muito didática e que te aflige por inteiro, esse livro é daquele tipo que te bate por tabela, você lê os capítulos e sente a dor aos poucos, igual acontece com a Ifemelu, a gente entende da realidade dela junto com ela.

As questões raciais que o livro fala são muito fortes: Ifemelu só pode ser contratada se alisar o cabelo; Ninguém fala Negro; a branca para qual a ifemelu trabalha, elogia pessoas negras simplesmente pelo fato de serem negras; acredite, é falado inclusive de racismo reverso (?); desigualdade de gênero; fala muito sobre o processo de aceitação do próprio cabelo… É um livro de uma intensidade tão grande que se você ler muitas páginas por dia, capaz de acabar com dor nas costas.

“A brancura é algo que se aspira”

Eu sinceramente, não sei nem falar sobre a experiência que foi ler Americanah. A Chimamanda tem uma didática tão incrível que quem nunca vivenciou nada do tipo, com toda certeza vai sentir tudo que a Ifemelu sente. Quando Ifemelu volta pra Nigéria, é uma experiência completamente nova, ela se sente estranha na própria casa. É realmente um livro que deve ser lido pelo maior número de pessoas possível.



Sinopse: Uma história épica de amor e de imigração, um romance arrebatador da premiada autora de Meio sol amarelo.

Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra.
Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência.
Principal autora nigeriana de sua geração e uma das mais destacadas da cena literária internacional, Chimamanda Ngozi Adichie parte de uma história de amor para debater questões prementes e universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. Bem-humorado, sagaz e implacável, Americanah é, além de seu romance mais arrebatador, um épico contemporâneo.
Publicado por Companhia das Letras
Traduzido por Julia Romeu
520 páginas