Sejamos todos feministas | Chimamanda Ngozi Adichie | Companhia das letras | 64 páginas | nota 5/5 🌟
"Perdemos muito tempo ensinando as meninas a se preocupar com o que os meninos pensam delas. Mas o oposto não acontece. Não ensinamos os meninos a se preocupar em ser "benquistos". Se, por um lado perdemos muito tempo dizendo às meninas que elas não podem sentir raiva ou ser agressivas ou ser duras, por outro, elogiamos ou perdoamos os meninos pelas mesmas razões."
No mínimo termino este pequeno livro sentindo que levei um tapa na cara e com ainda mais convicção de que a luta por igualdade precisa ser vista. Precisa acontecer.
O livro é uma adaptação de uma palestra na qual a autora foi convidada a falar. Nessa palestra ela conta um pouco sobre sua vida, de como primeiramente ela foi intitulada feminista para depois se intitular feminista e passar a se manifestar sobre isso.
Ela fala coisas bastante inquietantes e que às vezes passam despercebidas por nós no dia a dia. Um exemplo que ela deu e eu me identifiquei loucamente foi na parte em que ela fala que dará uma aula no ensino médio e não sabe que roupa vestir. Precisa ter "aspecto masculino" para que a levem a sério. Cara, isso é muito real. Eu como professora já vivenciei situações em que os pais das crianças criticam a sua roupa e todas as vezes que isso ocorreu, meu "pecado" era estar com os braços pra fora.
Ela reflete também a questão de como crescemos com isso dentro de nós. De como as mulheres são sempre ensinadas a fazer tarefas domésticas e os homens a serem os "provedores da casa", isso é muito claro, inclusive na minha vida! Claro que sempre pude estudar e trabalhar mas minha mãe sempre quis me ensinar a ser dona de casa e quando descobriu que eu não tenho nenhuma vocação pra isso, ficou realmente decepcionada.
As vezes eu ouvia que precisava estudar e ter um emprego legal, mas que meu "sucesso" dependeria de encontrar um homem com uma vida melhor que a minha. Sem contar a parte dos filhos bem educados e toda essa baboseira que eu nunca levei a sério. Já cheguei ao cúmulo de ouvir que minhas músicas não são adequadas para uma garota. Oi?
Assim que terminei a leitura, logo fui falar com minha melhor amiga, uma angolana linda e empoderada e a questionei sobre vários aspectos da cultura dela, (gente, só pra avisar, ela não acredita no feminismo, pois, segundo ela, isso é cultura e sempre foi assim, mas ela concorda que isso que ela passa é realmente absurdo) e fiquei muito, muito chocada com uma fala dela, que vou transcrever aqui exatamente como ela me escreveu:
"Aqui é assim, o rapaz com quem você namora pode nem se esquentar com o facto de você não saber cozinhar ou não gostar das tarefas domésticas, mas tem a família dele. Você não namora e casa apenas com ele, você casa com toda a família dele. E eles vão te julgar por tudo. E olha que ele pode te "devolver" se você não se "adaptar" as normas da família e tudo mais. Isso mesmo, devolver! Como se você fosse uma mercadoria danificada. Tem que saber cozinhar, arrumar, lavar, passar a ferro... todo tipo de tarefa doméstica. Somos ensinadas a fazer isso desde bem cedo. Qualquer coisa mal feita arruina as chances de você ter um bom marido, ser boa dona de casa. Somos basicamente criadas pra isso."
Pasmem.
Tirem suas conclusões e vamos conversar sobre isso! Vamos colocar esse assunto em pauta por aqui!
Já tinha visto o livro, mas não conhecia a fundo sua premissa e saber que ele é um baque com a realidade me agrada muito, acho que precisamos desse tapa na cara que mencionou, mesmo que sejam coisas inquietantes.
ResponderExcluirVi que ele está grátis no amazom a um bom tempo e eu acabei de baixar, só não sei se é completo. Vou ler.
Abraços.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com/
Eu amo muito essa palestra, tanto o video quanto o livro! Sao extremamente didáticos e assumem um posicionamento bastante esclarecedor. É o típico livro de cabeceira que a gente precisa recorrer sempre.
ResponderExcluirOlá tudo bem? Quero muito conhecer este livro desde de seu lançamento acredito que ele tenha uma abordagem necessária principalmente nos dias hj em que os direitos e visão feminina estão tão derrubados
ResponderExcluirDertubados*
ResponderExcluirEsse livro deve ser muito bom. Ainda mais se tratando de um tema tão forte e necessário. Tenho muita vontade de ler.
ResponderExcluirJá li esse livro/conto/palestra e também achei a reflexão bem válida e com certeza essa autora tem muitos ensinamentos para nós passar. Pretendo ler outras coisas dela assimile possível.
ResponderExcluirFiquei pasma com o desabafo da sua amiga e lembrei das mulheres indianas que também passaram por isso ... Um absurdo!!!
Amei a postagem. Beijos
O poder da cultura é muito forte não é mesmo? Por mais que a cultura brasileira seja tão opressora como a angolona e como nós, como você mesmo disse temos que caçar um homem bom sucedido para alcançar o sucesso, pra nós é inimaginável ser devolvida como uma mercadoria, né?
ResponderExcluirEu amo a Chimamanda e a clareza como ela consegue colocar em pauta assuntos muito pertinentes de uma forma que até alguém que se diz "anti-feminista" consegue entender. Eu acho o título desse livro muito poderoso, por que temos sim que ser todos feministas.
http://thereviewbooks.com.br/
Olá,tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia essa obra e fiquei com vontade de ler. Gostei da reflexão dela e acho que ela ainda tem muito mais para falar. E sobre as palavras de sua amiga, estou pasma até agora, sinceramente não sei o que pensar. Ou como reagir. Isso tinha que mudar, não só aqui, mas como no mundo todo.
Beijos
Ola lindona, adorei a proposta do livro, e muitos conceitos entre mulher x homem vem de muito tempo atrás, com certeza vou gostar da leitura e refletir sobre muitos temas e ver muitas situações sobre outro prisma. beijos
ResponderExcluirJoyce
Livros Encantos
Olá!
ResponderExcluirEsse livro é um dos meus preferidos e o mais importante que já li na vida. Eu fiquei embasbacada quando percebi algumas coisas que eram gritantes após ler esse livro. A mensagem da sua amiga me deixou tocada, como assim o homem pode "devolver" a mulher por não se "adaptar"? Essas culturas são distintas da nossa em algumas coisas mas se assemelham sempre numa coisa: a mulher não tem espaço.
Adorei sua resenha.
Beijos
Boa noite
ResponderExcluirProposta boa do livro mas completamente absurdo isso que sua amiga passa, mesmo q seja "normal" na cultura do país dela.
Oi!
ResponderExcluirAchei o livro bem interessante, apesar de deixar a dica passar desta vez, pois estou à procura de outro gênero literário, no caso, fantasia. Mas não descarto a possibilidade de conhecer a obra futuramente.