Oi, você aí do outro lado! Quer café?

Hoje eu vim falar sobre uma leitura que eu esperei MUITO pra fazer e ela superou todas as minhas expectativas! Um tempo atrás, eu li dois contos que - salvo engano - falei sobre eles, que são “Como arruinar seu dia de folga” e  “Como arruinar sua reputação de vilã”. Eles falam sobre a Odete e a Helena que são ajudantes de Super-Vilã e de Super-Herói, respectivamente. 


Pois bem, eu fiquei completamente obcecada por esses contos e quando vi que a Denise (autora dos livros) estava escrevendo um romance inteirinho delas, eu esperei por esse momento ansiosamente e agora eu tô aqui pra falar sobre o maior hit de 2023 segundo o Censo Resenha de Unicórnio.




O que a ajudante de uma vilã e a ajudante de uma super-heroína têm em comum?

Aparentemente, uma multidão de fanfiqueiras na internet.

Enquanto Odete e Helena aprendem a lidar com os sentimentos que surgiram quando arruinaram seu dia de folga e a reputação de uma vilã, o governo brasileiro está privatizando os super-heróis. E se isso não fosse o suficiente, uma nova ameaça parece determinada a destruir o mundo, usando os superpoderosos para espalhar o caos.

Em meio ao terror do desconhecido e à ameaça de uma guerra civil, Odete e Helena precisam decidir pelo que lutar. Suas escolhas vão determinar o destino dos sentimentos que têm uma pela outra - e do mundo também.


Leia pelo Kindle Unlimited!


Nesse livro a Odete a Helena já tem um relacionamento e elas estão tentando entender como lidar com isso pelo simples motivo de que no trabalho são rivais e na vida pessoal são amantes e metade da internet shippa elas e isso é simplesmente perfeito, trouxe um saborzinho a mais na história!


Nesse livro a coisa começa a pegar fogo quando, no meio de uma privatização de super heróis aparece uma vilã muito poderosa, que tem o poder de entrar na mente das pessoas e controlar elas, como se fosse um exército de fantoches, sabe? Só que o problema não para por aí, as nossas amadas protagonistas descobrem que essa vilã não é do mesmo universo que elas e é nesse ponto que as coisas pioram MUITO.


Não preciso nem dizer que eu amei muito esse livro, são quase 400 páginas de muita ação, caos, destruição, desespero, tudo dando errado, uma espada que não para de falar nunca, um dragão que é simplesmente perfeito e claro, nossas protagonistas sendo absolutamente perfeitas e emocionadas.


Confesso que eu não sou a pessoa da ficção científica e esse conceito de multiverso e tal é algo que eu não entendo direito, mas nesse livro as coisas são tremendamente bem explicadas, foi a primeira produção que tem esse conceito do multiverso que eu entendi completamente. Sem sombra de dúvidas isso foi muito necessário pra que eu pudesse me conectar com a história e conseguir acompanhar o desenrolar da coisa.


A escrita da Denise dispensa comentários, eu li tão rápido que fiquei até triste quando acabou.


Então se você gosta de super heróis e precisa de uma história assim, só que sáfica, esse livro é perfeito pra você! Espero que tenha gostado e até breve!


 


Oi você aí do outro lado! 


Hoje eu vim contar sobre a maior experiência literária que eu tive em muito tempo. Sabe quando a história te prende, você sente tudo que os personagens estão sentindo e se entrega pra história de uma forma um tanto absurda? Foi isso que aconteceu comigo enquanto eu lia Pachinko, da autora Min Jin Lee que foi publicado pela editora intrínseca com tradução de Marina Vargas


A história começa nos anos 1900 e conhecemos a Sunja que é filha única de Yangjin e Hoonie, um casal pobre que administra uma pensão em um pequeno vilarejo na Coréia. O pai morreu cedo então ela passou a ajudar a mãe nas tarefas da pensão. Um dia, na adolescência, Sunja conhece um rapaz muito bonito chamado Hansu e logo eles começam a se envolver. Ela fica encantada com tudo que aquele homem sabe e ensina pra ela, como o mundo é um lugar enorme. Até o momento que Sunja engravida e descobre que ele já tem uma família no Japão e não pode se casar com ela. Sunja não se vende, rompe com Hansu e resolve seguir com a gravidez sozinha e não conta pra ninguém sobre Hansu.


Entretanto, Baek Isak, um pastor de saúde extremamente frágil, se hospeda na pensão da família de Sunja e decide se casar com ela e criar aquele filho como se fosse dele. Então eles partem pro Japão e é aí que a trajetória de Sunja se permeia por preconceitos, por dores, tendo que criar dois filhos sem pátria.


“Viver todos os dias na presença daqueles que se recusam a reconhecer sua humanidade exige muita coragem”


Esse livro com toda certeza é um dos livros mais doloridos que eu já li na vida. A narrativa é muito cruel e bruta, mas não teria como ser diferente. As gerações de pais, filhos e netos de Sunja que estão no livro, contam muito sobre como é a vida, pois Sunja e Baek sairam da coreia e foram para o Japão bem na época da segunda guerra mundial e da invasão japonesa, quando a coreia se dividiu e ela e tantos outros coreanos ficaram sem lugar no mundo.


"Viver todos os dias na presença daqueles que se recusam a reconhecer sua humanidades exige muita coragem."


Acompanhar a vida da Sunja é um misto de sentimentos, principalmente quando um dos filhos dela começa a trabalhar num salão de Pachinko, que é tipo um caça níquel e é a única forma que essas pessoas tem pra ganhar dinheiro e ascender socialmente. Sunja é uma das melhores protagonistas femininas que eu já li. Ela é tudo, ela se doa por inteiro ao seu marido, aos seus filhos e a seus netos, ela faz de tudo pra manter a família de pé, vivendo. Mesmo que ela julgue ter feito escolhas erradas ao longo da vida, tudo sempre foi feito tentando ser o melhor que podia dadas as circunstâncias. 


Pachinko é um livro muito bonito e acompanhar toda essa jornada é muito especial e entender a história da Coréia através dessas personagens é incrível. A sensação que tive ao terminar de ler foi bastante agridoce, porque se a gente pensar que ainda acontecem muitas guerras, que inúmeros territórios estão sendo invadidos, pessoas sendo expatriadas, acaba que essa história talvez nem seja tão ficção assim. 


Pachinko também tem uma adaptação para série na AppleTV+ que é muito boa, mas, pra mim, o livro é muito melhor e muito mais emocionante. Se você tiver oportunidade, leia o livro, eu tenho certeza que será uma das melhores leituras que você vai fazer na vida.



 Oi, você aí do outro lado!

Hoje eu vim conversar sobre a experiência de ter lido “Estou feliz que minha mãe morreu”, um livro de memórias escrito pela Jennette McCurdy que ficou conhecida como a Sam de iCarly.


Antes de começar esse texto gostaria de alertar que o livro aborda temas que podem ser sensíveis para algumas pessoas, como anorexia, bulimia, abuso de álcool e abuso materno. Respeite seus limites e procure ajuda especializada.



Comecei a ler esse livro despretensiosamente pelo simples motivo que o título me chamou atenção e eu não tinha visto ninguém na minha bolha falando sobre o livro e logo nas primeiras páginas já me bateu o desespero e foi só piorando.


Quando ela tinha seis anos, ela fez seu primeiro teste para atriz por imposição da mãe que queria que ela se tornasse uma estrela. Então, começaram as mudanças. Jennette, uma criança, precisou mudar a cor do cabelo, mudar as sobrancelhas e os cílios, começou a fazer uma “restrição alimentar” que lhe foi ensinada pela mãe, onde ela comia pouquíssimo e passava o dia todo se pesando. Ela achava que a mãe estava fazendo o que era melhor pra sua única filha, levando ela a testes e mais testes, fazendo a garota decorar textos quando deveria estar brincando e fazendo modificações em sua aparência.


Jennette logo começou a fazer sucesso e a sustentar sua família e sua mãe ainda mandava e desmandava em sua vida, ela nunca decidiu nada por si própria e quando surgia um impulso de fazer algo por sua vontade a mãe logo a reprimia e a manipulava de formas absurdas. Ela teve que ser banhada pela mãe até os dezesseis anos, teve que mostrar seu histórico de conversas a vida toda e não podia ter amigos. Tudo isso acarretou em uma série de comportamentos autodestrutivos e logo se colocou em relacionamentos abusivos, desenvolveu transtornos alimentares e tinha crises ansiosas terríveis.


Essa leitura, que na verdade foi um audiolivro, me deixou abismada em muitos aspectos. Não fiquei surpresa com nada do que foi relatado, mas sim abismada com a crueldade de alguns adultos. Eu penso que um filho não é, de maneira alguma, uma extensão de seu responsável, ninguém deveria nascer já com o destino “traçado” ou com uma tonelada de expectativas sobre as costas. Tanto é que quando a mãe da Jennette morre em decorrência do câncer, ela fica perdida porque ela não aprendeu a pensar sozinha, a decidir coisas básicas da vida dela sozinha e se livrar dessas amarras levou muito tempo, muita terapia e muita ajuda. É triste pensar que as pessoas que deveriam ser um lugar seguro, uma fonte de acolhimento acabam por ser os causadores de feridas que jamais serão curadas.


O livro tem um tom meio engraçado e não consigo imaginar como deve ter sido revisitar todas as situações que foram retratadas. É uma leitura muito boa que traz vários questionamentos sobre ser mãe e ser filho de alguém, e como, muitas vezes a sociedade coloca isso como uma coisa sagrada, intocada e perfeita sendo que, algumas vezes não passa nem perto disso.

Oi, tem alguém aí?

Eu sumi por bastante tempo e não sei bem por onde começar esse texto, visto que faz algum tempo que não escrevo nada pra cá. Mas eu achei uma forma de voltar a falar de livro e explicar também o motivo do meu sumiço e é estranho como esse livro e a minha situação se interligam. 


Eu tenho certeza que em algum momento da sua vida alguém já te disse que “quanto mais tempo você olha pro abismo, o abismo te olha de volta” ou qualquer coisa nesse sentido. Aqui conhecemos o Luís. Um cara que nunca quis preocupar ninguém. Ele mora com sua mãe, estuda e tem amigos próximos e até aí, tudo bem. 


Um dia, marcas estranhas começaram a aparecer pelo seu corpo e é quando ele conhece o Vazio, uma entidade devoradora de almas que afeta não só ele, mas todos ao seu redor. E agora ele precisa lutar contra ele mesmo pra não ser devorado pelo Vazio e para que nenhuma das pessoas que ele ama seja devorada também. Acho que já deu pra entender né?


Eu, assim como o Luís, passei por um processo de adoecimento e esse ano fui diagnosticada com depressão - sim, o meu Vazio - e eu estou me tratando com remédios psiquiátricos e terapia toda segunda feira. Entretanto, essa doença tira tudo de nós, tira até coisas que amávamos e é muito difícil sempre estar acompanhada do seu próprio Vazio. Tanto é que eu estou tentando voltar com o blog como recurso terapêutico, tentando resgatar as coisas que eu amo fazer. No livro, brilhantemente escrito pelo meu melhor amigo, é possível ver todas as nuances da depressão e como ela nos consome por inteiro e quão angustiante é viver isso na pele, conviver com esse negócio.


Eu não me canso de elogiar o trabalho do Gogun na escrita, é maravilhoso o quão bem ele consegue retratar esses sentimentos, a falta de ser, a falta de pertencer, a falta de não saber pra onde ir, o que fazer e saber que a sua própria cabeça não é um lugar seguro e essas coisas estranhas que afetam a nossa vida e que eu mesma não consigo colocar em palavras - e olha que eu tô na terapia fazem quase 3 anos. Com esse livro, Gogun consegue mostrar o quão avassaladora a depressão pode ser, e deixa bem claro no começo do livro que a história do Luís é uma tragédia, não tem nada de feliz ali. 


Eu não quero que a minha história seja uma tragédia e por isso sigo lutando contra essa doença e contra a minha cabeça, pra continuar existindo. E mesmo que isso pareça forte e corajoso da minha parte, não é, eu demorei muito pra aceitar que eu precisava de remédios, que iria demorar pra achar aquele que funcionasse e passar por tudo que estou passando.


Então, com esse texto que, me atrevo dizer, é a minha volta pra esse lugar seguro que eu criei e com esse livro que faz todo sentido no momento, eu digo: se você está passando por um momento difícil, têm se sentido sozinhe, triste ou qualquer coisa assim, procure ajuda no CAPS da sua cidade ou ligue para o CVV, peça ajuda. Reconheça seus limites e saiba que você não precisa ser refém do seu vazio pelo resto da vida, mesmo que agora pareça que ele vai te consumir e drenar toda a sua vida e tudo que mais importa, existe tratamento, é possível fazer com que eles não te dominem mais.


 Olá pessoas! Como vocês estão?

Faz muuuuuuito tempo que eu não apareço por aqui e o motivo é bastante simples: a vida me atravessou. Minha profissão começou a demandar bastante do meu tempo, estudos também e junto com isso veio a percepção de que manter redes sociais como um “hobby monetizado” parou de fazer sentido. Eu precisava voltar às origens, fazer isso aqui como algo seguro, sem cobrança, no meu ritmo.


Eu não deixei de ler, a leitura sempre foi e eu espero que continue sendo o meu porto seguro, algo que eu amo fazer, então, tô voltando aos poucos. 


Hoje eu vim escrever sobre um livro que me chamou atenção pelo nome e eu não sabia nada sobre ele, comecei a ler ele no dia da virada do ano e até agora não sei se eu devorei o livro ou ele que me devorou. 





Pra dar uma pincelada sobre a história: todos os animais tiveram uma doença que os tornaram extremamente tóxicos, só de você ter um gato em casa você estava correndo um risco enorme e consequentemente a carne dos animais se tornou tóxica para consumo humano e praticamente não existem mais animais em lugar nenhum desse mundo. Então o canibalismo passa a ser legalizado. Sim, exatamente, existem criadouros, açougues, abatedouros de humanos para comercializar a carne dessas pessoas. 


O livro não chega a ter duzentas páginas mas ele é absurdo e bastante conflituoso. Ele vai do ponto A ao ponto B e não se propõe a explicar nada pra você, só o que é realmente necessário pra acompanhar a história e o texto é bastante frio e é exatamente aí que tá a genialidade desse livro. A autora fez uma critica muito boa à hipocrisia humana, de como a gente se acostuma com absurdos, como criamos malabarismos pra poder ter menos peso na consciência, sabe? 


Eu não sei dizer se exatamente é um livro “gore” mas é bastante explícito porque fala dos criadouros, da forma como essas pessoas são menos pessoas que o resto do mundo, sobre como funciona o abate e como é feita a criação de “carne de qualidade” que também é um ponto bastante importante do livro.


“Nós já comemos uns aos outros de forma simbólica, então comer de verdade seria só uma forma de ser menos hipócrita.”


O personagem principal trabalha num desses frigoríficos e também conta sobre os próprios dilemas no casamento, na vida e sobre essa atrocidade toda. Tem muita coisa acontecendo nesse livro e eu fiquei presa nele, de verdade. Em muitos momentos eu precisei parar de ler por conta de ter vontade de vomitar (eu não como carne, pra quem não sabe), precisa de muito estômago pra ler esse livro.


Eu gostei muito da forma como o livro é escrito e, apesar do final meio polêmico e abrupto, eu gostei bastante e achei que o livro é muito bom naquilo que se propõe a fazer. Foi o primeiro livro que li nesse ano e foi um favoritado, mas, novamente, tenha em mente que esse livro tem coisas gráficas e é bastante perturbador.


Por hoje é isso! Espero que tenham gostado e me perdoem eventuais falhas no texto, faz tempo que não escrevo assim (risos).