{OPINIÃO} Desvio, fulô


E ai meus brilhinhos, tudo bem com vocês?

Hoje vim aqui comentar sobre mais um livro da Editora Nua, que eu conheci a pouco tempo mas que já se tornou uma das minhas editoras preferidas. Já falei sobre um livro deles por aqui, #transvivo, e se você não viu, deveria ver. Agora vamos para o livro de hoje!



"― As portas da minha casa estarão sempre abertas para você ― anunciou a mulher com uma expressão profundamente séria, encarando a menina que se prostrava diante dela com um calorento ar de indiferença.― Certo ― a menina retrucou, sem acreditar naquilo de verdade.A garota tinha absoluta certeza de que a solidão seria, dali para frente, ainda mais tangível e dilacerante por ter convivido com pessoas que acreditavam piamente que a bondade ainda existia na sociedade atual, mesmo que estivessem forçados a lavar as mãos para a loucura que não causaram e que não tinham mais esperança de remediar. O problema é do mundo agora. A jovem menina, carente de amor, compreensão e dinheiro, é um problema do mundo agora. Que deus a ajudasse."(trecho do conto "Dependência de Empregada") Desvio nos apresenta os textos de fulô, pseudônimo da contista e poeta potiguar Rosy Nascimento, compilando material inédito produzido entre os anos de 2015 e 2018. Dedicado a todas aquelas que experimentam o sofrimento psíquico e escrito desde esse lugar de fala, Desvio também se dirige a pessoas que "valorizam os momentos de crise, já que essa condição não se escolhe", nas palavras da autora.Passeando pela prosa poética e a crítica social incisiva, a questão racial com recorte de gênero e a loucura, fulô experimenta em primeira e segunda pessoa, mesclando referências textuais em composição transgressora.



Eu nem sei por onde começar a falar sobre essa leitura, de verdade. 

Eu sempre falo que a literatura é um dos principais meios que a gente tem pra ouvir a voz de outras pessoas, conhecer outras narrativas, repensar nossos privilégios e entender o que ta acontecendo no mundo, ou o que sempre aconteceu mas é considerado tão habitual que a gente nem presta atenção.

Quando eu peguei pra ler esse livro, eu sabia que iria me deparar com lutas, medos, solidões e vivências diferentes das minhas, mas eu senti que a Fulô me pegou pela mão e me levou pra ver uma realidade que eu ignorei por muito tempo. Tem gente que me acha uma baita duma pessoa desconstruída, mas a verdade é que eu ainda tô aprendendo, é um processo muito demorado, principalmente se for levar em conta o lugar que eu cresci e como eu cresci. 

A narrativa de Fulô me pegou logo de cara, não é segredo pra ninguém que eu amo livros de poesia, crônicas, textos, contos e microcontos. 

Quando a gente vê coisas como as balas achadas nos corpos de crianças negras, professores ignorando pessoas negras durante as aulas (isso aconteceu na minha universidade), quando a gente atravessa a rua ou esconde o celular quando vem uma pessoa negra na nossa direção, chega a ser absurdo que nós (falo aqui com pessoas brancas como eu) tenhamos que fazer isso e que a gente nem pense que isso é errado, muito menos pare pra pensar sobre o que tá fazendo.

Eu ainda não consigo, pra ser bem sincera, digerir o impacto que esse livro me causou (com toda certeza, a experiência quase que se equipara a quando eu li The Hate U Give), e sem sombra de dúvida foi extremamente corajoso e necessário o ato de Fulô em escrever sobre as solidões, batalhas, medos, olhares, situações que pessoas negras passam no dia a dia e que eu, como branca, jamais pensaria que isso pudesse existir e não entendo muito bem o que isso causa na pessoa, mas tô aprendendo.

Cada vez mais eu sinto a necessidade de empretecer as minhas leituras.

No mais, leiam esse livro.

17 comentários:

  1. Oi florê, parece uma leitura forte e com certeza quero ler para quem sabe usar em minhas próximas palestras.
    Organizei um bate-papo sobre preconceito na Feira do Livro da minha vida de e falamos disso, como o negro é visto na sociedade como bandido. E os brancos que são piores?
    Com certeza é um livro com choque de realidade

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  2. Caramba, que livro tenso, entretanto tras um debate extremamente interessante na nossa sociedade, já quero ler!

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  3. Um livro muito intenso, terá que ser lido com calma e aberto aos problemas e injustiças da nossa sociedade. Boa indicação, não conhecia, abraços perfumados!

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  4. Que leitura incrível. Acho que é disso que precisamos, de leituras fortes e extremamente sinceras e abertas sobre realidades diferentes.

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  5. Olá!

    Olha, esse não é o meu tipo de leitura, não sou muito de ler poesias.
    Mas acho extremamente importante essa abordagem que foi feita durante o livro, traz uma realidade que muitas pessoas desconhecem.
    Adorei o seu post, realmente deve ter sido um livro bem tocante.

    www.pactoliterario.blogspot.com.br

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  6. Não tenho lido muito , mais um pouco de poesia é necessário. Gostei da dica.

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  7. Não costumo ler poesias, mas a temática me interessou bastante, gosto de leituras fortes.

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  8. Vivemos tempos tão difíceis, que leituras como essa se tornam cada vez mais importantes.

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  9. Olá! Por aqui a intenção é ler mais livro do com esta premissa também. Se informar, compartilhar opiniões e por demais importante se quisermos mudar algum dia esta triste realidade que é o preconceito.

    Já comprei o meu e loguinho quero destinar um tempo para ele!
    Grata pela dica!

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  10. Olá,

    Ainda não conhecia esse livro, mas depois desse seu post, só sei que preciso. Eu sou apaixonada por histórias que abordam temas pesados, que nos fazem sentar e refletir sobre cada palavra e esse parece ser exatamente assim.
    Acho que a nossa desconstrução acontece todos os dias e o melhor é quando lutamos para ela acontecer, de fato. Arrasou no post!

    Beijos!

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  11. Tão bom quando a gente pega um livro ele é impactante né? Adoro quando as leituras fazem isso comigo!

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  12. Oi
    Eu adorei a dica 😊 esse livro é bem interessante, gosto de livros com essa temática

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  13. Uma leitura forte e extremamente necessária. É importante que a literatura aborde temas sociais e nos façam despertar para o preconceito que infelizmente ainda está tão enraizado em nossa sociedade.

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  14. Que surpresa esse livro, e a sua resenha me deixou com vontade de lê-lo. Gosto de temas fortes e que causem impacto, além de nos fazer refletir.

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  15. Excelente opção de leitura. Eu já a coloquei na lista de livros pra 2020.

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  16. Olá! Olha, você "gritou" pela minha atenção e ela é toda sua rs. Já tinha me interessado quando você levantou o ponto de sua própria desconstrução e me arrebatou quando citou O Ódio que Você Semeia. Já vi que é um livro que eu TENHO que ler. Anotadíssimo. Beijos
    https://almde50tons.wordpress.com/

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  17. Poesia não é meu tipo de leitura favorita, mas sempre aceito indicações e gostei da sua resenha.

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