Oi você aí do outro lado! 


Hoje eu vim contar sobre a maior experiência literária que eu tive em muito tempo. Sabe quando a história te prende, você sente tudo que os personagens estão sentindo e se entrega pra história de uma forma um tanto absurda? Foi isso que aconteceu comigo enquanto eu lia Pachinko, da autora Min Jin Lee que foi publicado pela editora intrínseca com tradução de Marina Vargas


A história começa nos anos 1900 e conhecemos a Sunja que é filha única de Yangjin e Hoonie, um casal pobre que administra uma pensão em um pequeno vilarejo na Coréia. O pai morreu cedo então ela passou a ajudar a mãe nas tarefas da pensão. Um dia, na adolescência, Sunja conhece um rapaz muito bonito chamado Hansu e logo eles começam a se envolver. Ela fica encantada com tudo que aquele homem sabe e ensina pra ela, como o mundo é um lugar enorme. Até o momento que Sunja engravida e descobre que ele já tem uma família no Japão e não pode se casar com ela. Sunja não se vende, rompe com Hansu e resolve seguir com a gravidez sozinha e não conta pra ninguém sobre Hansu.


Entretanto, Baek Isak, um pastor de saúde extremamente frágil, se hospeda na pensão da família de Sunja e decide se casar com ela e criar aquele filho como se fosse dele. Então eles partem pro Japão e é aí que a trajetória de Sunja se permeia por preconceitos, por dores, tendo que criar dois filhos sem pátria.


“Viver todos os dias na presença daqueles que se recusam a reconhecer sua humanidade exige muita coragem”


Esse livro com toda certeza é um dos livros mais doloridos que eu já li na vida. A narrativa é muito cruel e bruta, mas não teria como ser diferente. As gerações de pais, filhos e netos de Sunja que estão no livro, contam muito sobre como é a vida, pois Sunja e Baek sairam da coreia e foram para o Japão bem na época da segunda guerra mundial e da invasão japonesa, quando a coreia se dividiu e ela e tantos outros coreanos ficaram sem lugar no mundo.


"Viver todos os dias na presença daqueles que se recusam a reconhecer sua humanidades exige muita coragem."


Acompanhar a vida da Sunja é um misto de sentimentos, principalmente quando um dos filhos dela começa a trabalhar num salão de Pachinko, que é tipo um caça níquel e é a única forma que essas pessoas tem pra ganhar dinheiro e ascender socialmente. Sunja é uma das melhores protagonistas femininas que eu já li. Ela é tudo, ela se doa por inteiro ao seu marido, aos seus filhos e a seus netos, ela faz de tudo pra manter a família de pé, vivendo. Mesmo que ela julgue ter feito escolhas erradas ao longo da vida, tudo sempre foi feito tentando ser o melhor que podia dadas as circunstâncias. 


Pachinko é um livro muito bonito e acompanhar toda essa jornada é muito especial e entender a história da Coréia através dessas personagens é incrível. A sensação que tive ao terminar de ler foi bastante agridoce, porque se a gente pensar que ainda acontecem muitas guerras, que inúmeros territórios estão sendo invadidos, pessoas sendo expatriadas, acaba que essa história talvez nem seja tão ficção assim. 


Pachinko também tem uma adaptação para série na AppleTV+ que é muito boa, mas, pra mim, o livro é muito melhor e muito mais emocionante. Se você tiver oportunidade, leia o livro, eu tenho certeza que será uma das melhores leituras que você vai fazer na vida.