Olá pessoas, como vocês estão? Chegamos ao último post de 2021 do Unicórnio! Eu resolvi tirar umas semaninhas pra descansar e voltarei na segunda semana de janeiro. Mas antes de ir, eu precisava falar sobre esse livro que me rendeu muitas crises existenciais HAHAHAHAH

Antes de começarmos, vou lembrar que eu li a história na edição da Editora Antofágica, não sei como são as outras edições então vou falar com base nessa; outra coisa, esse é o primeiro livro da lista do Namjoon do BTS, sim, eu vou tentar ler a maioria dos livros de ficção que ele citou e estou muito animada! Vamos ao livro.


Sinopse: Obrigado por acessar sua teletela e aproveite para conhecer uma das mais marcantes obras de ficção do século XX, agora em nova edição com 115 ilustrações de Rafael Coutinho, nova tradução de Antônio Xerxenesky e apresentação de Gregório Duviviver. 

O Grande Irmão está te observando.

Em uma sociedade em constante estado de guerra contra outros países e contra os inimigos do sistema, cada cidadão deve viver sob a permanente vigilância das teletelas. Qualquer sinal de comportamento ou pensamento desviante da ideologia do Grande Irmão é severamente punido pela Polícia do Pensar.

Funcionário do Ministério da Verdade responsável por reescrever notícias e registros históricos, Winston Smith atua alterando o passado e, assim, o presente. Treinado para obedecer e calar, ele começa, no entanto, a questionar essa realidade. Seus atos de rebeldia contra o sistema, como ousar manter um caderno subversivo, parecem mínimos, até que ele se depara com a oportunidade de fazer algo maior e colocar sua vida em risco por uma sonhada mudança.

Publicado originalmente em 1949, este clássico de George Orwell é uma obra fundamental sobre opressão e totalitarismo e possibilita inúmeros paralelos com o momento que vivemos, 70 anos depois. A nova edição da Antofágica, além de contar com tradução de Antônio Xerxenesky, ilustrações de Rafael Coutinho e apresentação de Gregório Duvivier, também traz textos extras de Luiz Eduardo Soares, especialista em segurança pública, Débora Reis Tavares, estudiosa de Orwell, Ignácio Loyola Brandão, um dos principais autores contemporâneos e membro da Academia Brasileira de Letras e do jornalista Eduardo Bueno, criador do canal Buenas Ideias no Youtube.

O Ministério da Verdade informa: Ao fazer a leitura do QR Code da cinta com seu smartphone, você tem acesso a três videoaulas de Débora Reis Tavares, especialista em Orwell, para enriquecer a experiência de leitura. Cada aula é indicada para um momento da leitura: – Antes de iniciar o livro, comentando o contexto geral da obra; – Durante a leitura, com alguns insights sobre o que está acontecendo na trama; – Depois do término, como uma espécie de posfácio levantando alguns pontos interessantes da obra.

Eu realmente não sei por onde começar a falar sobre esse livro. Eu li ele no começo do ensino médio, se eu não estiver enganada, mas naquela época eu era outra pessoa, eu não entendia muito sobre politica nem nada disso então não foi algo que me afetou. Ter lido agora, foi uma experiência surreal. Esse livro alugou um triplex na minha cabeça e eu fico pensando nele o tempo todo, sério. 

Eu não sei vou conseguir falar tudo sobre esse livro em um texto, então vou tentar resumir um pouco agora e, depois, focar em dois aspectos do livro que me deixaram maluca. 

O livro conta a história do Winston, um funcionário do partido que trabalha no ministério da verdade, ele passa o dia todo alterando noticias, livros e afins, para que não haja nenhuma forma de refutar aquilo que o Grande Irmão diz, para que o partido esteja sempre certo. Na Oceania, o sistema politico é o IngSoc ou Socialismo Inglês e existem três ministérios: O da Verdade que é onde o personagem trabalha, o da Paz que é responsável por cuidar da guerra e o do Amor que é responsável pela lei e pela ordem. Também existem 2 grandes divisões sociais: os membros do partido e os proletas. 

Isso é um super mega resumo de tudo, o livro é bem maior que isso, mas agora eu vou me ater aos dois aspectos do livro que eu citei anteriormente.

"Nada era seu, exceto os poucos centímetros cúbicos dentro do seu crânio."
A primeira coisa que me chocou muito, foi a teletela. A Teletela basicamente é uma TV que fica na sua casa ligada o dia todo em que os membros do partido ouvem e vêem tudo que você diz e faz o tempo todo e, caso você pense ou faça algo errado, entra a Policia do Pensar. Já é um negócio assustador ler assim, mas, como dito no prefácio do livro e internalizado em mim ao longo da leitura: todo mundo tem pelo menos uma teletela em casa. E ninguém colocou ela lá por você, você foi lá e pagou caro por ela. Sim, a teletela é seu celular, seu computador, seu tablet, afins.

Quantas vezes eu já não me deparei com algo que eu tinha falado que queria e do nada começaram a aparecer anuncios dessa mesma coisa nas minhas redes sociais? O principio da coisa é esse. Eu realmente fiquei chocada, pois nunca tinha pensado dessa forma e na leitura, conseguimos ver muito claramente que, mesmo que a teletela não seja um personagem, ela tá lá o tempo todo e é responsável por muita coisa. Igualzinho minha relação com meu celular.

A segunda coisa que me fez ficar maluca foi a Novilíngua. Essa novilingua é uma forma de comunicação para que o inglês deixe de existir, para que todas as palavras sejam ocas de significado politico e pessoal, ela significam exatamente o que está escrito ali e essa lingua diminui a cada ano. No livro diz que até 2050 ninguém falaria mais inglês e que tudo seria assim, encolhido e vazio.

Eu demorei um pouco pra entender o propódito dessa lingua então vou tentar explicar: se a sua linguagem é vazia de significado politico e individual e ela só encolhe a cada ano que passa, seus argumentos para ir contra algo que você não gosta não se sustentam. Você consegue ir até certo ponto, onde as coisas ainda demoram, mas depois disso, mesmo que você tenha a ideia não existe palavra que denomine aquilo, então seu pensamento e sua individualidade acabam ai. 

Uma nação "obediente" com base na lingua. Surtos.
"Como apelar ao futuro quando nem um traço de você, nem mesmo uma palavra anônima rabiscada num pedaço de papel, poderia sobreviver fisicamente?"
Facilmente poderia passar o dia todo falando sobre as coisas que esse livro me trouxe e sobre os paralelos que dá pra fazer com situações que nós vivemos hoje. É bem forte parar pra pensar no lugar em que estamos chegando, onde estamos indo. É algo que me assombra e esse livro escancara tudo que me dói ver hoje em dia.

Precisa ter estômago pra ler tudo isso, mas é uma leitura riquissima que eu recomendo fortemente. Vale a pena demais.



 Olá pessoas, como vocês estão nessa reta final do ano? Por aqui ainda tá tudo bem confuso e muito corrido, mas acredito que essa época de fim de ano vem junto com um sentimento de renovação e de esperança em dias melhores. 

Consegui fazer tudo que eu queria? Não. Mas estou tentando ficar contente com o que foi possivel fazer e claro que já comecei os preparativos pro ano que vem. Já fiz as minhas metas e estou animada pra ver o que vai acontecer, mesmo que essa esperança seja bem estranha levando em conta a situação do mundo e do nosso país, né HAHAHAHAHA

Vamos ao que interessa. Eu já falei aqui sobre Pessoas Normais e o quanto o livro e a série mexeram muito comigo. Eu me identifiquei muito com os personagens e com a situação que eles vivem e com toda certeza virou um dos meus livros favoritos da vida. Quando a editora me mandou o livro novo deles, eu tive que me preparar emocionalmente por conta de Pessoas Normais. E olha, que surto foi esse livro.


Sinopse: Alice conhece Felix pelo Tinder. Ela é romancista, ele trabalha num armazém nos subúrbios de uma pequena cidade costeira da Irlanda. No primeiro encontro, enquanto os dois tentam impressionar, a fagulha de algo mais aparece.

Em Dublin, Eileen está tentando superar o término de seu último relacionamento enquanto precisa lidar com a falta da melhor amiga, que se mudou para o litoral. Ela acaba voltando a flertar com Simon, um homem mais velho que acompanha sua vida há tempos.

Alice, Felix, Eileen e Simon ainda são jovens, mas sentem cada vez mais a pressão do passar dos anos. Eles se desejam, se iludem, se amam e se separam. Eles se preocupam com sexo, com amizade, com os rumos do planeta e com o próprio futuro. Seriam eles as últimas testemunhas do ocaso? Eles vão conseguir encontrar uma forma de viver mais uma vez em um belo mundo?

Com uma prosa única e brutal, Sally Rooney constrói mais um romance inigualável sobre o que significa amadurecer sem deixar a si mesmo para trás.


Nesse livro, como deu pra ver através da sinopse, temos 4 personagens principais e, mais uma vez, a trama da história gira em torno da vida desses personagens. Da forma como eles enxergam o mundo e a si mesmos nesse mundo. Através de e-mails trocados entre a Alice e a Eileen descobrimos o que aconteceu na vida delas e também suas relações com seus respectivos parceiros. Além disso, falam sobre politica, religião, arte, filosofam sobre liberdade, existencia e outras coisas. Nesse post, eu vou focar na Alice e na Eileen.

Começando pela Alice, ela e Eileen ficaram amigas na faculdade e ela é uma personagem incrivel. Desde o começo da história, fica muito claro que ela se esforçou muito pra chegar onde ela queria, na carreira de escritora. A única coisa que ela não planejou foi o sucesso e quando isso acontece, ela precisa ser internada pra cuidar da sua saúde mental e para de responder os e-mails e ligações da amiga. Mesmo que saibamos pouco sobre o passado da Alice, eu senti que ela é aquela amiga que sempre esteve presente na vida da Eileen. Duas outras coisas muito interessantes a respeito dela: no livro, fica bem claro que ela se apaixona por pessoas e isso é tratado com bastante naturalidade o livro todo, algo que me deixou bem feliz e eu estava precisando ler algo assim. Também o fato de que ela carrega muita coisa dentro de si e tem muitos receios e é bem bonito ver a forma como, mesmo com todos os empecilhos, ela e o Felix conseguem se entender.

Já a Eileen acabou de sair de um relacionamento que durou anos e ela já não sabe se acredita no amor mesmo que esse parceiro não parecesse tanto com o que ela pensava que fosse o amor da sua vida, mas todo término é terrivel. Ela é bem insegura e cheia de traumas e tudo começa com a relação bastante disfuncional com a irmã. Enquanto a irmã dela é super popular e tudo "que se espera", a Eileen sofre bullying na escola e a coisa fica ainda pior conforme o passar do livro quando entendemos que a mãe claramente prefere a irmã. Quando elas são mais novas, conhecem o Simon, que vai ajudar na casa em que elas moravam.

"E a morte não é apenas o apocalipse em primeira pessoa?"

Uma das coisas que me encantou nas histórias da Sally é a forma como ela faz da vida, do cotidiano, da experiência de ser humano, a trama da história. Não sei se posso dizer que as histórias dela tem começo-meio-fim, pois a vida não é só aquilo, é mais como se ela contasse um pedaço da vida e da evolução daqueles personagens e nós precisamos aceitar que é isso. Eles só vão "evoluir" até certo ponto e pronto. E eu adorei isso.

Assim como em Pessoas Normais, os personagens partiram de lugares completamente distintos e as vezes eu me peguei perguntando como todo mundo foi se cruzar assim, mas a Sally consegue colocar tudo isso de uma maneira muito bonita, assim como acontece de vez em quando na nossa vida mesmo. Nos e-mails entre Alice e Eileen, muitas coisas que as atravessam, também me atravessam. Esse fator da identificação é algo que pesa muito pra mim.

Mais uma vez, o livro é brutal e tocou em muitas feridas minhas. No começo, o livro pode parecer meio confuso, eu demorei um pouco pra entender a dinâmica de tudo mas quando eu entendi, não consegui parar de ler, eu realmente me apaixonei por esses personagens. Não posso dizer que superou Pessoas Normais, mas tá empatado. Quero muito ler o outro livro da Sally que saiu por aqui, tenho certeza que vou gostar.