Oi pra você ai do outro lado!

Hoje eu vou contar como foi a minha experiência com a leitura de Sangue Fresco, um YA sáfico com vampiros escrito por Sasha Laurens, publicado pela Rocco e traduzido pela Sofia Soter e que com certeza é uma ótima leitura se você tá precisando de algo pra distrair a cabeça e não precisar pensar muito.


Esse livro é narrado em formato de POV - Point Of View - de duas personagens, a Kat Finn e a Taylor. A Kat é uma vampira que convive com humanos por decisão de sua mãe, que é uma vampira sem ancestral e foi transformada sem querer - o que é muito mal visto na comunidade, então ela não tem muito contato com a comunidade vampírica. Já a Taylor é de uma família tradicional de Vampiria e estuda em um colégio interno super famoso que se chama Harcote, conhecido por ser extremamente caro e só algumas poucas pessoas podem estudar lá, e a Kat quer muito estudar lá, mas ela sabe que a mãe dela jamais teria dinheiro pra pagar as mensalidades.




Antes de continuar é importante dar um contexto sobre o mundo: o mundo foi assolado por uma doença que se chama DFaC, e essa doença, além de fazer com que humanos sofram bastante, impede que vampiros bebam o sangue dos humanos, pois se o fizerem, eles morrem; inclusive o pai da Kat morreu durante o surto dessa doença, chamado no livro de época do Perigo. Pra que os vampiros não fossem exterminados, criou-se a Hema, que é um substituto artificial do sangue humano, que vocês já podem imaginar que seja bastante caro e não são todos os vampiros que têm acesso a isso, inclusive a família da Kat se esforça muito pra conseguir pagar por ela e não morrer de fome.


Voltando pras nossas protagonistas: a Kat estuda em um colégio de humanos, mas ela quer muito frequentar Harcote e um dia ela tenta a sorte de conseguir uma bolsa dentro do colégio e depois de alguns meses de espera, ela recebe uma resposta: absolutamente todos os custos com estudo serão pagos por um benfeitor misterioso e ela poderá estudar no colégio. Ela decide ir mesmo que sua mãe seja veementemente contra isso tudo, chegando lá, ela descobre que vai dividir o quarto com a Taylor e é aí que o problema começa: as duas meio que se odeiam. 


Quando era mais nova, Kat e sua mãe passaram um tempo morando na casa dos pais da Taylor, pois elas não tinham onde ficar e, um dia elas tiveram que sair às pressas da casa porque os pais da Taylor descobriram sobre a transformação da mãe e a expulsaram, só que a única pessoa que sabia sobre como a mãe foi transformada era Taylor, que na época era melhor amiga de Kat e até hoje ela se ressente disso e guarda mágoa. Então já da pra imaginar o caos que vai ser ter que dividir quarto com a pessoa que arruinou a sua vida né?!


“[...] a forma como nossas barrigas doíam de tanto rir, sua tendência de me meter em encrenca, os olhares entre nós que eram um idioma inteiro, a sensação que brotou no meu peito quando prometemos: sem segredos.”


Esse livro é uma gracinha, sério! Sabe quando você tá meio cansado e precisa de um livro pra distrair a cabeça? É esse. Aquela história fofa, que você não precisa pensar muito durante a leitura, cumpre exatamente o que promete e ainda tem romance sáfico com vampiras, é maravilhoso.


Além dessa situação entre a Kat e a Taylor, que vão ter que dividir um quarto se odiando - eu amo esse plot meu deus - também tem alguns outros pontos que deixam a história mais interessante, como quem é aquele benfeitor e porque justo a Kat já que ela não é ninguém em Vampíria? Também tem um assassinato misterioso e a mãe da Kat que esconde muitos segredos, inclusive sobre a separação das amigas, que a história não é bem assim, já que cada uma sabe de uma versão da história.


A Taylor é maravilhosa, já começamos o livro sabendo que ela é lésbica e acompanhamos a Kat se entendendo enquanto pessoas queer e eu adoro livros que falem sobre isso, eu me identifico bastante, pois foi na adolescência que eu me entendi lésbica também, é sempre muito gostoso acompanhar essa trajetória. 


Os outros personagens do livro e os acontecimentos “secundários” trouxeram um charme a mais pra narrativa e eu gostei bastante, mesmo que esses acontecimentos tenham se resolvido muito rápido no final e o meio tenha ficado mais cheio do que deveria, eu gostei. Ele cumpre bem a função de ser um romancinho divertido e bobinho, não é aqueles livros que você começa a ler esperando achar seu novo livro favorito da vida, é um livro pra distrair a cabeça e ele cumpre exatamente o que promete.


Espero que você tenha gostado do texto e se gostou, deixe um comentário e me conte se já leu ou tem vontade de ler esse livro!


Por hoje é isso, até o próximo livro!




Sasha Laurens é autora de dois romances young adult de fantasia, A Wicked Magic e Sangue fresco. Cresceu na área da Baía de São Francisco e já morou em Nova York, Michigan e São Petersburgo, na Rússia. Atualmente, mora no Brooklyn e usa seu PhD em ciências políticas para pesquisar protestos em governos autoritários.


 Oi pra você ai do outro lado!


Hoje eu vim contar sobre minha experiência com o livro “Garota, Serpente, Espinho” escrito pela Melissa Bashardoust, publicado pela editora Literalize com tradução de João Rodrigues. Um livro que eu tava namorando desde quando lançou e que fiquei imensamente feliz de ter ganhado de presente de aniversário 





Nesse livro vamos acompanhar a Soraya, uma princesa amaldiçoada quando ainda era bebê com veneno nas veias, isso faz com que qualquer coisa que ela toque, pessoa ou animal, morra envenenado em questão de minutos; a única coisa imune a esse veneno são plantas, por isso ela cultiva um lindo jardim no castelo. 


Por conta desse veneno, Soraya é uma princesa reclusa, sua família a esconde pra evitar falatório sobre a família real e ela se move sorrateiramente por maio de passagens secretas no castelo, nunca vai a comemorações por medo de encostar em alguém. 


Entretanto, alguma coisa muda em Soraya quando ela descobre que existe um dev - o tipo de demônio que a amaldiçoou quando bebê - preso na masmorra do castelo, ela quer ir falar com esse dev sobre sua maldição pra que ele a ensine como quebrá-la, porém, os devs são conhecidos por não serem confiáveis e sempre quererem algo em troca de informações. 


Enquanto ela tenta descobrir como quebrar sua maldição, Soraya descobre muito sobre seu passado e o passado de sua família e as coisas tomam rumos inesperados e ela precisa lidar com esse turbilhão de descobertas. 


“Tinha lido histórias demais para saber que a princesa e o monstro nunca eram a mesma pessoa. E também passara tempo sozinha o suficiente para saber qual dos dois ela era.”


Esse foi meu primeiro contato com a autora e já adianto que quero ler o outro livro dela, “Garotas de neve e vidro” que também é uma fantasia sáfica de volume único!


A história me prendeu desde o começo por conta da maldição da Soraya e da ligação que ela tem com as histórias de seu povo, inspirado na cultura persa, e é muito diferente do que a gente costuma ver por aí. 


Uma das coisas mais impactantes pra mim foi pensar que a Soraya nunca tinha sido tocada na vida e eu me peguei pensando no quão doido isso seria, imagina não poder encostar em nada, que loucura? E viver isolada por medo e porque a família real não pode sofrer com a sua maldição também é bem cruel e, conforme avançamos na leitura, descobrimos que o buraco dessa maldição é muito mais fundo do que pensávamos e isso também é um ponto muito positivo, pois a autora amarrou muito bem a história e não deixou dúvida alguma e eu simplesmente amo livros assim. 


O romance sáfico no livro é uma graça e talvez meio inesperado, muitas vezes eu me peguei surtando por elas, uma fofura sem tamanho, sério. Os personagens do livro são cativantes e muito bem escritos, eu gostei demais da ambientação e dos monstros da história, tudo foi muito bem feito e acho que acabou fazendo com que eu ficasse ainda mais imersa na história. Estou animada pra conhecer o outro livro da autora e espero que seja tão bom quanto esse!


“Eu sempre me pergunto quem eu teria sido sem esse maldição, que tipo de pessoa seria caso não tivesse crescido escondida e com vergonha.”


Porém, como nem tudo são flores, tenho uma ressalva a ser feita sobre a edição em português que, em alguns momentos, me deu uma atrapalhada na leitura: a fluidez da tradução e/ou da revisão do texto. Mas como pode se você disse que a história é fluida? Vou explicar.


A proposta da autora é, sim, excelente, a história é sim ótima, mas não consigo dizer exatamente o que me atrapalhou, tiveram erros de revisão, as frases estavam mal escritas e algumas frases eu até demorei pra pegar o sentido da coisa, achei que faltaram algumas notas de rodapé sobre alguns termos traduzidos que não são de conhecimento geral, coisas desse tipo, sabe? Isso me deixou meio travada na leitura em algumas partes, não sei se eles vão arrumar isso na segunda edição do livro, porque a minha ainda é da primeira leva, não sei. Mas vi outras pessoas comentando que isso também os incomodou. 


Por fim, se você procura uma fantasia divertida, com leitura fluida e romancinho sáfico, monstros e maldições, pode ir nesse livro sem medo.






Melissa Bashardoust graduou-se em Inglês pela Universidade da Califórnia, onde redescobriu seu amor pela escrita criativa, pela literatura infantil, pelos contos de fada e seus recontos. Ela vive no sul da Califórnia com sua gata Alice, e certamente tem mais exemplares do romance britânico Jane Eyre do que ela de fato necessita. Garotas de Neve e Vidro é sua estreia na literatura jovem.


Oi pra você ai do outro lado!

Hoje eu vim contar minha experiência com “Babel: ou a necessidade de violência” da R. F. Kuang que, sem sombra de dúvidas, entrou pra minha lista de favoritos da vida. Mesmo que não seja um livro que eu recomendaria pra qualquer pessoa, eu sinto que precisava falar sobre ele. Sabe quando você entra na narrativa de uma forma tão maluca e que parece que é você que ta vivendo na pele do protagonista e as coisas vão acontecendo e você vai entendendo tudo junto com eles? Foi isso que eu vivi durante a leitura de Babel. 


Meu primeiro contato com a autora foi com a trilogia “A Guerra da Papoula” que eu fiquei obcecada pela história da Rin e, mesmo que eu tenha sofrido a trilogia todinha, são livros que eu recomendo demais porque a Rebeca escreve fantasia inspiradas em eventos que realmente aconteceram e em lugares que existem na vida real e é muito mágico ler algo dela, sério. Mas, voltando ao tema principal, vamos falar de Babel.






A história começa em Cantão, na China quando um menino que não sabemos o nome, perde toda a sua família pra uma doença que vem assolando toda a China. Ele é “resgatado” por um homem branco com uma barra de prata e esse artefato, quase como mágica, faz com que esse menino sobreviva a essa doença. Então, ele é levado pra Londres por esse homem pra terminar sua recuperação, esse homem chamado Professor Lovell diz que a partir daquele momento aquele menino que não deve ter nem 10 anos precisa assinar um contrato dizendo que aceita será tutorado por ele: vai aprender latim, grego, continuar treinando seu chinês e cantonês e, quando tiver idade o suficiente estudará no Real Instituto de Tradução de Oxford - também conhecido como Babel. Ele também precisa escolher um novo nome para si, então nós conhecemos Robin Swift ou, pelo menos, a versão ocidental daquela criança que foi tirada de seu país e da qual não sabemos o nome de batismo. 


Antes de seguirmos, é importante dar o contexto da Prata. No livro, nessa década de 1800, a Inglaterra é uma potência mundial por conta das barras de prata, que são artigos que fazem “magia” por meio das palavras. As barras de prata levam escritos - chamados pares de equivalentes - que, em consonância, fazem alguma coisa. Por exemplo, elas são capazes de preservar estruturas envelhecidas, fazer carruagens irem mais rápido e se tornarem mais leves pros cavalos, fazem um jardim ficar mais bonito, coisas desse tipo e eu nem preciso dizer que quem têm acesso a isso são os ricos né? Também é importante dizer que são os tradutores de Babel que fazem esses pares de equivalentes utilizando etimologia e tradução de vários idiomas pra que elas funcionem adequadamente e, naquela época, trabalhar coma prata era considerado algo muito luxuoso e importante pra todo o império, pois até a Torre de Babel é protegida por essas mesmas barras de prata.


“É isso que a tradução é, eu acho. É isso que falar é. Ouvir o outro e tentar enxergar além dos nossos próprios preconceitos para vislumbrar o que o outro está tentando dizer. Se mostrar ao mundo e torcer para que outra pessoa te entenda.”


Pois bem, com o passar dos anos Robin aprende latim, fica ainda mais fluente em inglês, aprende princípios da tradução e se prepara para o momento em que ele vai pra Oxford e lá ele conhece outras três pessoas que estão na sua turma: Ramy que é de Bogotá e também foi criado por um tutor, Victorie que é do Haiti e também teve um tutor e Letty, que é branca e vem de uma família influente, ela é a única que não teve tutor.


Quando chegam a Babel eles ficam deslumbrados com toda aquela imponência dos oito andares da torre, a quantidade de livros, a quantidade de gente trabalhando e a quantidade de dinheiro que rola naquele lugar. Todos ficam abismados e completamente empolgados com a possibilidade de fazer magia através das palavras.


Até que um dia, Robin esbarra com um menino que é idêntico a ele, quase como se fosse seu reflexo. Esse menino se chama Griffin e foi tutorado pelo professor Lovell antes do Robin, então através de Griffin, Robin conhece a Hermes, uma sociedade de resistência para combater os males que o império faz e é nesse ponto que o curso da história muda totalmente. O livro tem quase 600 páginas, as coisas não acontecem de uma hora pra outra, mas a história toma rumos incríveis quando Robin enxerga que sua terra natal está ameaçada pelo império inglês e que Babel tem muito a ver com isso.


“A Linguagem era apenas diferença. Mil maneiras diferentes de ver e de se mover pelo mundo. Não; mil mundos dentro de um. E a tradução, um esforço necessário, ainda que fútil, de transitar entre eles.”


Essa história é muito muito muito incrível, eu realmente não consigo descrever o quanto essa história mexeu comigo. Eu sempre fui apaixonada por palavras, sempre gostei de estudar idiomas novos e aprender mais sobre as palavras e isso fez com que eu entendesse como elas funcionam e que realmente são muito poderosas e a autora conseguiu colocar de uma forma brilhante como a linguagem também é um meio de dominação e opressão. 


Quando Robin foi tirado de sua terra natal ainda criança e perdeu completamente o contato com sua cultura, foi educado pra servir ao império inglês e se comportar como um inglês, mas nunca deixaram ele esquecer o idioma que ele falava pra que ele servisse aos propósitos de Babel mesmo que ele jamais fosse considerado um britânico, isso é a forma mais clara de dominação que pode ser descrita. 


Rebeca Kuang colocou isso de uma forma muito clara e muito cruel, mostrando como esse mecanismo de dominação através da língua funciona e nós nem precisamos ir muito longe pra pensar sobre isso, basta que a gente veja a história do nosso país, de como a nossa língua é falada e das influências que sofremos nesse tempo. As palavras são mesmo poderosas.


Como eu falei lá no começo do texto, esse não é livro fácil e que eu recomendo pra todo mundo, ele é bem arrastado no início e até difícil de entender, mas se você gosta de palavras assim como eu, acho que vale muito a pena encarar esse livro. E não poderia deixar de exaltar o brilhante trabalho de tradução desse livro, as notas de rodapé são incríveis, me ajudaram muito a entender melhor a história e a entender as palavras e expressões em chinês usadas, realmente a tradução foi brilhante.


Bom, esse foi o texto de hoje e eu espero que eu tenha conseguido transmitir todo meu amor por esse livro que mudou a minha vida e se você já leu Babel, me conta como foi sua experiência! Até mais!




Sobre a autora:

R.F. Kuang é escritora, tradutora de mandarim e bolsista da Marshall Scholarship. Mestra em Filosofia na área de Estudos Chineses por Cambridge e em Estudos Chineses Contemporâneos por Oxford, atualmente cursa o doutorado em Literatura e Línguas do Leste da Ásia em Yale. Vencedora dos prêmios Nebula e Locus por
Babel ou a necessidade de violência, Kuang também é autora da trilogia best-seller A Guerra da Papoula — que foi indicada a diversos prêmios, incluindo o Hugo — e de Yellowface.

 Oi pra você ai do outro lado! Hoje eu vim contar sobre uma das melhores leituras de 2024, (sim, tenho certeza) um livro que me consumiu e me prendeu desde os primeiros capítulos: Canção Dos Ossos de Giu Domingues publicado pela Galera Record. Esse livro tem o hype de ser o Fantasma da Ópera sáfico e, esse musical é de longe um dos meus favoritos da vida, obviamente que eu não ia deixar essa leitura passar batido por mim. 




A protagonista da nossa história se chama Elena Bordula e o sonho dela é se tornar uma Prodígio da Primeira Orquestra do Conservatório de Vermília, — calma que eu já vou explicar — porém, a mãe da Elena foi morta porque descobriram que ela usava um tipo de magia proibida, a magia dos ossos, e isso afetou a reputação da Elena dentro do conservatório; as pessoas olham pra ela com desdém por ser órfã e por conta de sua mãe ter usado magia proibida. 


Além dela, temos suas duas melhores amigas, Cecília e Meg, que vêm de famílias com melhores condições e reputação que a da Elena. Sobre o conservatório, é um lugar onde as pessoas aprendem a fazer magia para servir ao Reino. Cada tipo de magia tem sua função e quem “faz” a magia são as prodígios, que são pessoas que invocam a magia por meio da música, então rola muita cobrança pra que elas sejam perfeitas. A Primeira Orquestra é o auge do auge na vida de uma prodígio, todo mundo quer chegar ali e ser conhecida por todos os nobres e pelo rei. Acho que é desnecessário pontuar, mas: aquele lugar é um ninho de cobra. Todo mundo quer passar por cima de qualquer um que atrapalhe a busca por sucesso, independente do que for preciso fazer pra que esse sucesso chegue.


Tá, agora que você tem uma ideia do lugar que se passa esse livro, vamos voltar pra história da Elena. 


Em um dado momento, as coisas começam a dar uma desandada na relação com as melhores amigas, eu vou dizer que essa relação nunca foi boa, sabe aquele tipo de amizade condicional? Do tipo “te quero bem mas nunca melhor que eu”? é mais ou menos assim que funciona essa amizade — e a Elena, na busca por ser uma Prodígio da Primeira Orquestra, recebe uma ajuda meio inusitada: a mestra Eco, uma fantasma que aparece no espelho da Elena, com seus olhos azuis vibrantes e com metade do rosto coberta por uma máscara feita de crânio e ajuda a Elena a se destacar no Conservatório, ensinando a ela tudo que sabe. E, como boa fasntasma do Consevatório, faz com que coisas estranhas aconteçam para que sua passarinho tenha o tão sonhado sucesso. 


“Quando você deixa que a coragem a conduza, ao invés de se tolher pelo medo, aí sim encontra o seu verdadeiro potencial.”


Esse livro me despertou um misto de sentimentos que até agora eu não consigo descrever. É um livro brutalmente real e com um plot tão, mas tão real que é até difícil falar dessa preciosidade de história. Pra não dar muitos spoilers da história, vou listar algumas coisas que me fizeram amar esse livro.


Primeiro que a Giu não teve medo de mostrar a realidade. Quando nos colocamos em um ambiente tão hostil, é natural que a gente sinta inveja das outras pessoas que conseguem mais do que nós. Aqui não seria diferente. Os alunos do conservatório são praticamente a personificação da inveja, sempre diminuindo as conquistas dos outros e tentando derrubar o próximo. Isso se reflete demais na amizade entre as três protagonistas. Logo no começo a gente percebe o quão bosta essa relação é. Uma sempre fala da outra pelas costas, menosprezam, mas tem aquela coisa da dependência que me pegou demais: quando você sente que não tem pra onde ir, até uma relação merda como essa ajuda a te manter “são”, mesmo que isso te desperte sentimentos horríveis. 


A escrita da Giu é ótima, eu já li o primeiro livro dela, Luzes do Norte, e gostei muito mas não pense que Canção dos Ossos segue a mesma linha. Esse livro é uma coisa meio Dark Academia com alta fantasia gótica, não consigo explicar muito bem, porém a mistura dessas coisas funcionou tão perfeitamente bem que eu não senti o tempo passar enquanto eu tava lendo 


A escolha de mostrar como a humanidade é lotada de sentimentos que considerarmos ruins foi muito acertada, em alguns momentos da história eu fiquei “meu deus que ódio vou bater em alguém” e dois segundos depois eu tava “puts eu também já me sujeitei a isso” ou “nossa, eu já vi isso acontecendo em n situações”. Foi maravilhoso ver isso num livro e conforme a narrativa vai avançando, parece que eu tava tão imersa na leitura que as coisas estavam acontecendo comigo, sabe? Como se eu também estivesse ali junto com a Elena e isso foi mágico demais. 


Como eu falei anteriormente, o livro não é uma romantasia, não é uma coisa fofinha nem nada disso, é uma fantasia gótica, que aborda temas que podem ser sensíveis a algumas pessoas, então, tome cuidado na leitura e respeite seus limites.


Pra finalizar, devo agradecer a Giu por escrever essa preciosidade de história que eu vou guardar no meu coração por um bom tempo. Eu espero que você tenha gostado desse texto e que, se você ler esse livro, venha conversar comigo.


É isso, até o próximo texto. <3 




Olá pra você aí do outro lado! Hoje eu vim contar sobre minha experiência com o livro “Os Fantasmas Entre Nós”, romance de estreia de Gih Alves que saiu ano passado - 2023 - pela editora Seguinte e que meu melhor amigo me deu de presente! (Obrigada migo, te amo <3)

A história se passa dentro da Agnes Dantas, uma universidade bastante famosa onde se estuda magia e coisas sobrenaturais. Mas não ache que a fama da universidade vem só daí: a instituição é famosa porque todos os anos dois alunos morrem de maneiras misteriosas e violentas nas dependências da universidade.


Dito isso, conhecemos a Manu, uma das personagens principais, bolsista na Agnes Dantas e que também desempenha algumas atividades extracurriculares que tomam bastante tempo dela. D outro lado, temos Isadora, ex melhor amiga da Manu. As duas se desentenderam em algum momento do passado e agora não são mais tão próximas assim. Entretanto, depois que elas são atacadas por uma fantasma no banheiro - sim, a própria Loira do Banheiro - elas percebem que podem ser as próximas a morrer dentro da universidade e, bom, agora é tentar superar essas diferenças e sair viva de toda essa história, com sorte, também romper essa maldição de mortes dentro da Agnes Dantas.


Os Fantasmas Entre Nós tem um vibe Dark Academia que me agradou bastante e eu adoro essa coisa de universidade amaldiçoada e investigação que é uma parte importantíssima do livro, pois, aparentemente, ninguém sabe como essas mortes começaram e porque elas acontecem, Manu e Isa vão ter que descobrir tudo isso sozinhas e tentar fazer alguma coisa a respeito disso.


O livro é extremamente fluido e tem menos de 300 páginas, sabe aquelas histórias pra ler em um domingo tedioso e acabar no mesmo dia? É esse. Outra coisa que gostei bastante foi a relação entre as protagonistas: elas têm um interesse amoroso mútuo, mas alguma coisa deu ruim no meio do caminho da amizade, então elas precisam entender o que rolou e tentar arrumar isso tudo enquanto estão sendo perseguidas por fantasmas, estudando pras provas e ouvindo vozes nas paredes, ou seja, sensacional!!!


Esse estilo meio dark academia é algo que não tenho muito contato, todas as vezes que tentei, acabei abandonando a leitura por não entender direito o que tava rolando, mas esse me pareceu uma boa porta de entrada pra esse estilo de narrativa que se tornou popular aqui no Brasil tem pouco tempo, e, pelo que entendi, é estilo que os personagens são MUITO estudiosos e que “crescem na vida” através da validação acadêmica. Uma das referências da história é a Maldição da Mansão Bly, que é uma série que eu amo perdidamente!!


Mesmo que em alguns momentos a história tenha sido mais “corrida”, não acho que isso atrapalhou minha experiência porque eu adoro ler o livro todo de uma vez só; as descrições mais sombrias e dark são muito bem feitas e a ambientação é sensacional, uma coisa bem brasileira mesmo, amei!


Espero que você tenha gostado do post e me conta se você já leu ou quer ler esse livro! Até a próxima :)


Sinopse: Na Universidade Agnes Dantas, os estudantes aprendem com o paranormal. Embora seja admirada em todo o país, a instituição só não tem uma reputação perfeita porque, todo ano, pelo menos dois alunos morrem em suas instalações sob circunstâncias suspeitas.

Para Manuela e Isadora, as provas, a vida longe da família e os sentimentos confusos que uma tem pela outra já são problemas suficientes para ocupar a cabeça. Até que, depois de serem atacadas por uma fantasma loira em um banheiro da universidade, elas se dão conta de que podem ser as próximas vítimas dessa trama — e, ao tentarem desvendar esse mistério, vão perceber que há mais fantasmas entre elas do que imaginavam.


 Oi pra você aí do outro lado!! Como você tá? Por aqui as coisas estão meio corridas e as leituras avançam pouco, mas são boas leituras. No fim das contas, é isso que importa!


Bom, hoje eu vim contar sobre a minha experiência com um livro que foi uma grata surpresa. Eu não sou uma ávida consumidora de fantasia, sempre tive bastante dificuldade em me inteirar do mundo e entender como as coisas funcionam, mas desde que soube que essa fantasia sáfica seria publicada aqui, eu quis ler.


Antes de seguir na leitura desse texto, saiba que o livro abordado possui inúmeros temas sensíveis como: genocídio, feminicídio, intolerância e abusos.





O Trono de Jasmim” foi escrito pela Tasha Suri, é o primeiro volume da série Os Reinos em Chamas, publicado aqui no Brasil pela Galera Record e traduzido plea Laura Pohl.


No livro conhecemos Malini, uma princesa que foi banida da corte pelo seu irmão, o rei ditador, e agora vive exilada no Hirana, um lugar que, antes de ser palco de um genocídio, era um lugar sagrado, fonte de muita magia e que abrigava as Águas Perpétuas - uma fonte poderosíssima de magia - e que era lar dos Filhos do Templo. Já não existem pessoas naquele lugar isolado e a princesa cumpre o seu exílio sendo envenenada aos poucos por uma criada, seguindo as ordens de seu irmão.


Do outro lado da história temos a Priya, uma criança do templo que sobreviveu ao massacre e trabalha como criada, levando uma vida quase invisível. Entretanto, ela fica incumbida dos cuidados da Princesa Malini, praticamente tendo que se exilar com a princesa, no lugar que antes era sua casa.


Além disso, as pessoas daquele mundo estão sofrendo de uma doença chamada decomposição, que "distorcia a vegetação e infectava as pessoas que trabalhavam nos campos e que brotava através da pele e folhas que saíam pelos olhos."


Quando Priya e Malini conseguem conversar, nos raros momentos em que a princesa não está drogada, acabam por descobrir muito uma sobre a outra e formam uma aliança um pouco improvável, já que as duas tem um único objetivo: derrubar o império de Parijatdvipa.


"Todos aqueles homens e mulheres condenados à morte, e por qual motivo? Um "ataque" em que ninguém morreu a não ser Meena? Seu regente é um tolo, e o mestre dele é um tolo. O imperador precisa entender que não podem extirpar a nossa língua, banir nossas histórias, nos deixar passar fome para então nos matar sem nenhuma consequência. Eu não me arrependo, Pryia. E você também não deveria se arrepender."


O livro é narrado em POVs (pontos de vista) e cada capítulo é um personagem que narra. Malini e Pryia já são personagens extremamente complexos e bem desenvolvidos e sua jornada se apoia em vários outros personagens como Bhumika, Ashok e Rao. Um dos pontos que me encantou foi justamente esse, que a autora usou a primeira parte do livro para desenvolver os personagens e mostrar o contexto politico naquele momento da história. Entretanto, isso fez com que eu achasse esse começo da história extremamente lento, tanto pela quantidade de informação quanto de narração.


A relação da Pryia e da Malini é tudo pra mim, elas formam um casal muito fofo e é muito bonito ler as duas meio tímidas e com medo de falar o que sentem uma pra outra e o pau torando enquanto rola tudo isso HAHAHAHAHA


O livro tem quase 700 páginas e não tem aquele linguajar rebuscado que geralmente tem em livros de fantasia. Foi uma boa leitura e eu estou bastante animada pra ler os outros livros dessa série! Espero muito que a editora não esqueça a série no churrasco HAHAHAHAH


Por hoje é isso, até mais!


 Oi pra você aí do outro lado!

Hoje eu vim contar como um livro de menos de 200 páginas me destruiu e me atravessou de uma forma que eu não consigo explicar. Tanto é que esse texto tá nos meus rascunhos desde que eu terminei de ler, eu simplesmente não consigo achar palavras pra descrever. Mas vamos lá.  





O livro é narrado por uma mãe que é exemplar, pelo menos aos olhos da sociedade: ela é viúva de um bom casamento, é cuidadora de idosos e criou sua única filha pra seguir o mesmo caminho, casar, ter filhos, uma boa casa, um emprego com bom salário, uma vida confortável. Entretanto, tudo vai por água abaixo quando a Green se assume lésbica, não tem emprego fixo e muito menos dinheiro pra pagar aluguel.


Em meio a isso, Green e sua namorada vão morar no apartamento da mãe e é aí que as coisas ficam complicadas. Essa mãe passa o dia todo num ambiente insalubre, cuidando de idosos que foram abandonados pelas famílias, muitas vezes esses idosos não conseguem ter o mínimo de dignidade. E se você conhece um pouco da Coreia do Sul sabe que além de extremamente preconceituosos, existe essa cultura de que os filhos devem cuidar dos pais na velhice e como a velhice por lá acontece - spoiler, muitos idosos tiram a própria vida por não conseguirem se sustentar.


A escolha de colocar a mãe como narradora do livro foi muito acertada pois estando na cabeça dela conseguimos ver que o problema nem é tanto sobre a filha dela ser lésbica, é muito mais sobre solidão, medo de não ter quem cuide dela e da filha na velhice, medo de não “continuar a família”, quebra de expectativas e perda de esperança. Mesmo que a namorada da Green faça comidas deliciosas, os pensamentos da mãe são sempre muito incisivos a respeito da menina.


“Porque minha filha, justo a minha filha, tem de amar uma mulher? Por que eu tenho de passar por essa prova, que outros pais nunca nem pensariam em ter de superar? Por que justo eu tenho de passar por tamanha dificuldade?”


Esse é um daqueles livros que doem muito, especialmente em pessoas como eu. É sempre muito complicado esse tópico da família, mais ainda quando o assunto é mãe. Não é um livro fácil de ser lido, de forma alguma, mas como parece muito que estamos dentro da cabeça dessa mãe e que o que estamos lendo é quase como o fluxo de pensamentos dela, fica muito difícil parar de ler. 


Esse é um daqueles livros que me deixou olhando pro nada durante algum tempo só pra absorver o impacto que essa história me causou. É uma história real, com pessoas reais e com coisas que podem ou não ter acontecido com você, mas que, em alguma medida, você vai se identificar e vai entender o que eu tô escrevendo aqui.


Espero que você tenha gostado do texto de hoje, me conta se você já leu esse livro e eu volto em breve <3